Trabalho

Sindicato diz que CGD foi multada pela ACT por não pagar horas extra

Sindicato diz que CGD foi multada pela ACT por não pagar horas extra
José Fernandes

“A CGD, uma empresa que no presente ano se prepara para apresentar um lucro recorde de 1.000 milhões de euros, explora literalmente os seus trabalhadores e viola continuamente o Código do Trabalho”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) disse esta quarta-feira que a Autoridade para as Condições de Trabalho tem sancionado a Caixa Geral de Depósitos por esta não pagar horas extraordinárias a trabalhadores.

Em comunicado, o STEC afirmou que a "CGD viola a lei e não paga o trabalho suplementar" e que são milhares as horas extraordinárias não pagas anualmente.

Segundo o sindicato, a saída de milhares de funcionários do banco público nos últimos anos tem reflexo na "deterioração do serviço prestado aos clientes e no incomensurável aumento do volume de trabalho" com muitos a ficarem para lá da sua hora diariamente (mesmo não tendo subsídio de isenção de horário).

Contudo, diz, a CGD recusa-se a pagar muitas horas extraordinárias a esses trabalhadores.

Em declarações à Lusa, o presidente do STEC, Pedro Messias, explicou que o sindicato fez denúncias à ACT sobre este tema relacionadas com situações de que teve conhecimento em várias agências (casos de Funchal, Ponta Delgada, Valença, Famalicão, Guimarães, Portimão, Braga, Leiria, Santarém, Torres Novas e Fonte Nova - Lisboa) e que esta levou a cabo inspeções, na sequência das quais aplicou sanções financeiras ao banco.

"A ACT fez as suas investigações e aplicou multas à CGD. A CGD assumiu as situações [de trabalho suplementar não pago] ao fazer o pagamento das coimas", disse.

Para o sindicato, a "CGD, uma empresa que no presente ano se prepara para apresentar um lucro recorde de 1.000 milhões de euros, explora literalmente os seus trabalhadores e viola continuamente o Código do Trabalho".

O STEC disse ainda que o banco pôs nas agências relógios de ponto que assumem por defeito sempre a mesma hora de entrada e saída dos empregados, "não traduzindo a verdade dos tempos de trabalho nem salvaguardando o trabalhador em caso de acidente" e que estes são pressionados pelas chefias a não registarem as reais horas de saída.

A Lusa contactou a CGD acerca deste assunto e o banco não respondeu.

A CGD apresenta os resultados dos primeiros nove meses do ano esta sexta-feira, dia 10.

No primeiro semestre, teve lucro de 607,9 milhões de euros, contra 485,7 milhões de euros até junho de 2022.

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