Um analista do Citibank realizou uma viagem de trabalho em Amesterdão e, quando voltou a Londres, entregou ao superior hierárquico as despesas de alimentação, inferiores ao limite diário de 100 euros. Este superior hierárquico desconfiou de que as despesas, apesar de estarem dentro do limite, não tinham sido feitas exclusivamente para alimentar o analista, mas também outra pessoa. Começou uma troca de acusações que culminou no despedimento do analista. Este contestou-o num processo em tribunal, que acabaria por ser ganho pelo Citibank.
De acordo com o Financial Times desta segunda-feira, 16 de outubro, Szabolcs Fekete entregou despesas em julho de 2022 que acabariam por ser recusadas pelo superior hierárquico. Em tribunal foram apresentadas as trocas de emails entre os dois, que revelam que Fekete mentiu inicialmente à empresa quanto à questão de ter partilhado refeições com a parceira, que viajou com ele para Amesterdão apesar de não ser funcionária do Citibank.
“Estava sozinho nesta viagem de negócios e bebi dois cafés, por serem muito pequenos”, disse inicialmente o analista.
"O recibo parece referir-se a duas sanduíches, dois cafés, e outra bebida… está a dizer que isto tudo foi consumido por si?", questionou o superior hierárquico.
“Sim, correcto… Nesse dia saltei o pequeno-almoço e só bebi um café de manhã. À hora de almoço comi uma sanduíche com uma bebida e um café no restaurante, e levei comigo para o escritório outro café e comi a segunda sanduíche à tarde… que acabou por ser o meu jantar”, respondeu o analista, que acabaria por voltar a mandar outro email depois de mais insistências do seu chefe.
“Todas as minhas despesas estavam dentro do limite diário de 100 euros. Pode dizer-me qual é o seu problema com isto porque acho que não tenho de justificar os meus hábitos alimentares desta forma”, respondeu.
O superior hierárquico de Fekete respondeu com artilharia pesada. Em agosto, segundo o jornal, levou o caso a instâncias superiores do banco. O analista acabaria por ver as suas despesas dessa viagem à capital neerlandesa passadas a pente fino por uma investigação interna.
Depois de negar inicialmente ter comido massa com pesto e esparguete à bolonhesa com alguém, Fekete acabaria por reconhecer, mais tarde, que tinha partilhado algumas refeições com a sua parceira.
Em outubro, o veredicto do inquérito interno era de que o analista tinha infringido as regras internas do banco. Fekete desculpou-se, dizendo que tinha respondido aos emails durante uma baixa médica, altura em que estava muito medicado. Também lhe tinha morrido uma pessoa da família, alegou. O banco não se comoveu e despediu-o em novembro.
O analista contestou o despedimento em tribunal, que deliberou, de acordo com a sentença divulgada na sexta-feira, que o banco teve razão em prescindir dos serviços de Fekete.
O profissional “trabalhava num cargo de confiança numa instituição financeira global (…) e não se trata dos valores envolvidos. (…) Aceito que as despesas tenham sido apresentadas por engano. Porém, estou convencido de que um despedimento relativo apenas a uma alegada declaração falsa entre no perímetro de uma decisão razoável de um empregador razoável”, declarou o juiz.
Segundo o Financial Times, o Citibank congratulou-se com a decisão do tribunal. Fekete não respondeu aos pedidos de comentário do jornal.
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