Perícia pode avaliar se Ricardo Salgado entende consequências do julgamento do BES

Nova perícia será semelhante às perícias anteriores, com entrevista clínica a Ricardo Salgado e à sua mulher, e a realização de exames complementares
Nova perícia será semelhante às perícias anteriores, com entrevista clínica a Ricardo Salgado e à sua mulher, e a realização de exames complementares
Jornalista
A nova perícia a Ricardo Salgado, solicitada pela defesa do ex-banqueiro e aprovada pelo coletivo de juízes do processo do Grupo Espírito Santo, será, em termos práticos, semelhante às duas perícias realizadas há cerca de um ano. Estas incluíram uma entrevista clínica com o ex-banqueiro e uma entrevista com a mulher, além de exames complementares de diagnóstico.
“A perícia repetirá, em grande medida, a metodologia das anteriores: será feita uma entrevista ao ex-banqueiro, uma consulta com um familiar próximo, porventura a esposa, para confirmar e atualizar o estado de saúde, e uma avaliação neurocognitiva para complementar e reforçar os dados apurados na entrevista clínica”, explica Sofia Brissos, psiquiatra e perita forense do Instituto Nacional de Medicina Legal. Este é o procedimento habitual utilizado em perícias forenses deste tipo.
Na entrevista clínica, que é o procedimento que mais pesa para as conclusões da perícia, avalia-se a capacidade da pessoa para desempenhar atividades da vida diária. As atividades básicas incluem ir à casa de banho sozinho, tomar banho, vestir-se, alimentar-se e deslocar-se, e as instrumentais envolvem tarefas como cozinhar, usar o Multibanco, um telemóvel, conduzir, seguir instruções ou resolver um procedimento. As atividades avançadas, como o próprio nome indica, dizem respeito a tarefas mais complexas, como a gestão financeira e patrimonial (por exemplo, compreensão de documentos como testamentos e procurações), bem como atividades ligadas à atividade profissional da pessoa.
O objetivo desta análise das atividades da vida diária é avaliar funções cognitivas como a memória, a orientação no espaço e no tempo, a atenção, a concentração, a capacidade executiva e de planeamento, e o raciocínio e o impacto no funcionamento pessoal e social. “A presença de um familiar é fundamental para confirmar as informações colhidas com a pessoa examinada, daí a sua participação na perícia, sempre que possível”, explica Sofia Brissos.
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