O Banco Santander em Portugal registou um crescimento de 64% dos resultados nos primeiros seis meses do ano, chegando aos 548 milhões de euros de resultado líquido, acima dos 334 milhões de euros no mesmo período do ano passado.
“São resultados muito positivos”, assumiu o presidente executivo (CEO) do banco, Pedro Castro e Almeida, na conferência de imprensa que se realizou em Lisboa esta quinta-feira, 1 de agosto, dizendo que é resultado de “ter um negócio muito mais simples, mais tecnológico”.
“O Santander continua a ser um banco muito rentável, que continua a crescer em Portugal, e conquistou este direito de crescer e de crescer organicamente, não vamos ficar por aqui”, prometeu o CEO.
Ainda assim, o banco ainda não pagou os dividendos relativamente aos lucros do ano passado. Está à espera de uma fusão de entidades internas para o fazer. Já há uma assembleia geral para votar a sua distribuição, mas o gestor e o administrador financeiro, Manuel Preto, não revelaram qual o montante.
Margem dispara, mas há incerteza
A margem financeira do banco subiu 47% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo os 862 milhões de euros, ainda que, entre abril e junho, o banco já tenha sentido o estreitar desta base de receitas, que advém dos juros pagos pelos clientes nos créditos, descontados dos juros pagos pelo banco nos depósitos.
Para os próximos meses, há incertezas, tendo em conta que não se sabe o ritmo e a dimensão do corte das taxas de juro do euro. “A performance vai depender do ritmo desta descida pelo BCE”, justificou o gestor financeiro.
As comissões bancárias cresceram 0,5% e, na soma destas rubricas de proveitos (margem e comissões), o Santander verificou um crescimento de 34%.
A par com esta evolução, o banco registou um controlo da despesa: os custos operacionais subiram menos de 1%, diminuindo os gastos gerais e administrativos, e subindo apenas os custos com pessoal.
Os bancos concorrentes registaram despesas mais elevadas para investimento tecnológico neste semestre, enquanto o Santander defende que já o fez há anos.
O banco também beneficiou do nível de imparidades (dinheiro de lado para perdas futuras, como em créditos) na comparação homóloga, já que o contributo negativo no ano passado foi superior a 70 milhões de euros, e agora ficou-se pelos 40 milhões. Manuel Preto defende que o “problema de incumprimento é muito reduzido”.
Crédito cresce em todos os segmentos
A nível de negócio, o crédito cresceu 12% em relação ao ano anterior, para 47 mil milhões de euros, um acelerar da atividade comercial que se verifica em todos os segmentos: empresas, habitação e consumo.
Pedro Castro e Almeida defendeu que em Portugal um em cada quatro novos créditos à habitação no primeiro semestre foi concedido pelo Santander.
Nos recursos, o crescimento foi inferior, de 2%, para 45 mil milhões de euros, com avanços nos depósitos, mas sobretudo em fundos de investimento comercializados pelo banco.
Os rácios de capital subiram, com o principal, o CET1, a alcançar os 19,2% em junho, em relação aos 17,6% homólogos.
CEO mantém-se no próximo mandato
Em relação ao próximo ano, em que termina o atual mandato da administração, Pedro Castro e Almeida mostrou vontade em continuar: “a minha expectativa é que sim”.
Aliás, o facto de acumular as funções de presidente em Portugal com as de responsável pelas operações europeias não o leva a querer sair do cargo. “Dos vários cargos de que poderei sair, espero que Portugal não seja o primeiro, tenho um enorme orgulho, posso ter maior contribuição”, afirmou.