O BPI fechou os primeiros seis meses de 2024 com um resultado líquido consolidado de 327 milhões de euros, o que, face aos 256 milhões registados no período homólogo, representa uma melhoria de 28%, informou esta quarta-feira o banco, através de um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Para estas cifras, a atividade doméstica contribuiu com 268 milhões de euros, tendo crescido 35% em relação ao igual semestre do ano passado, ao passo que a participação no BFA Angola assistiu com 41 milhões de euros (+1%) e o BCI Moçambique permitiu encaixar 18 milhões de euros (+7%). Sobre o processo de privatização do banco angolano, o BPI reforça que "vai procurar reduzir" a sua participação junto do Estado.
Na conferência de imprensa para apresentação de resultados, que ocorreu esta quarta-feira, em Lisboa, João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo da instituição financeira, destacou o “resultado de grande qualidade, apoiado no crescimento do negócio e na manutenção das taxas de juro", que permite ao BPI manter assim uma “posição financeira sólida e uma capitalização confortável”.
Em linha com o que referiu no final do primeiro trimestre, o CEO ressalvou que a tendência é de normalização das taxas de juro, pelo que é expectável que a margem financeira - o principal “trampolim” dos lucros da banca nos últimos dois anos - venha a reduzir-se ao longo do segundo semestre de 2024, assim como no próximo ano. Ainda assim, antecipa-se que o lucro anual fique próximo dos 524 milhões de euros de 2023, não sendo impossível ultrapassar este valor.
Os principais indicadores da operação nacional mostram que o produto bancário do BPI ascendeu aos 669 milhões de euros, mais 18% face a junho de 2023, alavancado pela margem financeira: a diferença obtida entre os juros cobrados nos empréstimos e a remuneração dos depósitos aumentou 13%, para 491 milhões.
As receitas por via do comissionamento, por seu turno, subiram 14% em termos homólogos, totalizando 168 milhões de euros. O líder do BPI explicou que as comissões líquidas até junho tiveram um “efeito extraordinário”. Se esse efeito não fosse contabilizado, a evolução teria sido nula. Acrescentou ainda que "não haverá grande margem" para aumentar o custo dos serviços, tendo em conta que a "pressão para que sejam cada vez mais em conta" é grande.
Crédito e depósitos crescem até junho
Na rubrica do balanço, o banco revela ter encerrado a primeira metade do ano com uma carteira de crédito bruta de 30,3 mil milhões de euros, valor que reflete um crescimento de 2% comparativamente com o final de junho de 2023, com uma quota de mercado de 11,6%.
Enquanto o stock de empréstimos à habitação aumentou 2%, para 14,7 mil milhões, com a contratação a manter-se acima de 600 milhões, o financiamento a empresas verificou uma subida de 5%, para 11,7 milhões. O banco destaca que, no primeiro semestre, concedeu 747 milhões de euros em crédito sustentável.
Já no que respeita à qualidade dos ativos, a instituição pertencente ao grupo espanhol CaixaBank apresentava, por aquela altura, um rácio de NPE (exposições não produtivas) de 1,4%, com uma cobertura respetiva de 152%. Por sua vez, o rácio de NPL (crédito malparado) situava-se nos 1,7%, cobertos a 153% por imparidades e colaterais.
Finalmente, os recursos de clientes totalizaram 1,9 mil milhões de euros, na sequência de um incremento de 5%. Os depósitos, em concreto, cresceram 6%, para 30,4 mil milhões de euros, e os recursos fora do balanço - que incluem fundos de investimento, seguros de capitalização e outros - conheceram uma subida de 1%, para 8,9 mil milhões.
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