Sistema financeiro

BCP aumenta lucro em 15%, para €485 milhões, “o melhor semestre” em pelo menos uma década

BCP aumenta lucro em 15%, para €485 milhões, “o melhor semestre” em pelo menos uma década
NUNO BOTELHO

Banco superou os 100 mil milhões de euros em recursos de clientes, onde estão os depósitos. "Uma fasquia histórica", defendeu Miguel Maya. Banco já sente estreitar da margem com juros

BCP aumenta lucro em 15%, para €485 milhões, “o melhor semestre” em pelo menos uma década

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O BCP registou um lucro de 485,3 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que representa um crescimento de 14,7%, segundo a apresentação de resultados feita no Taguspark, em Oeiras. Em 2023, o banco tinha reportado um lucro de 423 milhões de euros.

São “uns resultados bastante razoáveis”, “melhor semestre pelo menos dos últimos dez anos”, segundo constatou Miguel Maya, o presidente executivo da instituição. Portugal contribuiu com 411 milhões de euros para estas contas, sendo que o polaco Bank Millennium voltou a apresentar um lucro, apesar dos encargos com a tóxica carteira de crédito em francos suíços.

Menos margem com juros

Com o estancar dos juros pelo Banco Central Europeu, a margem financeira subiu apenas ligeiramente, 1,7%, fixando-se nos 1.397,5 milhões de euros. A ajuda veio da Polónia, porque em Portugal a margem está já a estreitar-se face ao ano anterior. “É uma pressão sobre a margem que tem que ver com as taxas de juro, em convergência para uma nova normalidade. E com o aumento de custos dos depósitos”, assumiu o CEO.

As comissões do segundo maior banco em Portugal somaram 2% no semestre, face ao período homólogo, mas, do lado dos custos, houve um agravamento: mais 10% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando aos 619 milhões de euros. As despesas cresceram sobretudo nas operações internacionais, referindo o CEO a “pressão salarial muito grande na Polónia”.

Imparidades caem, mas ainda elevadas

O volume de imparidades do BCP desagravou-se: o banco precisou de pôr menos dinheiro de lado. Foram 390 milhões de euros nestes encargos, comparáveis aos quase 550 milhões do ano anterior. "Ainda um valor muito elevado", como admite o presidente executivo.

Os riscos legais com os créditos hipotecários na Polónia, ainda que a ceder, continuam a ser aqui o maior responsável.

Menos crédito, mais depósitos

No primeiro semestre, o banco superou “uma fasquia histórica”, ultrapassando os 100 mil milhões de euros de recursos aplicados por clientes. O crescimento dos depósitos sustentou esta evolução, mais intensa nas operações internacionais (Polónia e Moçambique).

Já a carteira de crédito ressente-se da política monetária da Zona Euro e recuou 1,2% para 57,2 milhões de euros, subindo no estrangeiro, mas caindo em Portugal, mais de 3%.

É um resultado que “permite olhar para a frente com total confiança”, segundo Miguel Maya, defendendo que o balanço está já normalizado, caindo o volume de ativos não produtivos (como crédito malparado).

O rácio de capital mais exigente (CET1) subiu de 14% para 16,2%. O banco é detido em 20% pela Fosun e em 20% pela Sonangol, estando o restante disperso por acionistas com menor peso.


atualizada com mais informações pelas 17h20

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