O BCP registou um lucro de 485,3 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que representa um crescimento de 14,7%, segundo a apresentação de resultados feita no Taguspark, em Oeiras. Em 2023, o banco tinha reportado um lucro de 423 milhões de euros.
São “uns resultados bastante razoáveis”, “melhor semestre pelo menos dos últimos dez anos”, segundo constatou Miguel Maya, o presidente executivo da instituição. Portugal contribuiu com 411 milhões de euros para estas contas, sendo que o polaco Bank Millennium voltou a apresentar um lucro, apesar dos encargos com a tóxica carteira de crédito em francos suíços.
Menos margem com juros
Com o estancar dos juros pelo Banco Central Europeu, a margem financeira subiu apenas ligeiramente, 1,7%, fixando-se nos 1.397,5 milhões de euros. A ajuda veio da Polónia, porque em Portugal a margem está já a estreitar-se face ao ano anterior. “É uma pressão sobre a margem que tem que ver com as taxas de juro, em convergência para uma nova normalidade. E com o aumento de custos dos depósitos”, assumiu o CEO.
As comissões do segundo maior banco em Portugal somaram 2% no semestre, face ao período homólogo, mas, do lado dos custos, houve um agravamento: mais 10% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando aos 619 milhões de euros. As despesas cresceram sobretudo nas operações internacionais, referindo o CEO a “pressão salarial muito grande na Polónia”.
Imparidades caem, mas ainda elevadas
O volume de imparidades do BCP desagravou-se: o banco precisou de pôr menos dinheiro de lado. Foram 390 milhões de euros nestes encargos, comparáveis aos quase 550 milhões do ano anterior. "Ainda um valor muito elevado", como admite o presidente executivo.
Os riscos legais com os créditos hipotecários na Polónia, ainda que a ceder, continuam a ser aqui o maior responsável.
Menos crédito, mais depósitos
No primeiro semestre, o banco superou “uma fasquia histórica”, ultrapassando os 100 mil milhões de euros de recursos aplicados por clientes. O crescimento dos depósitos sustentou esta evolução, mais intensa nas operações internacionais (Polónia e Moçambique).
Já a carteira de crédito ressente-se da política monetária da Zona Euro e recuou 1,2% para 57,2 milhões de euros, subindo no estrangeiro, mas caindo em Portugal, mais de 3%.
É um resultado que “permite olhar para a frente com total confiança”, segundo Miguel Maya, defendendo que o balanço está já normalizado, caindo o volume de ativos não produtivos (como crédito malparado).
O rácio de capital mais exigente (CET1) subiu de 14% para 16,2%. O banco é detido em 20% pela Fosun e em 20% pela Sonangol, estando o restante disperso por acionistas com menor peso.
atualizada com mais informações pelas 17h20
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