Sistema financeiro

Sindicatos da banca afetos à UGT pedem intervenção da Direção-Geral do Emprego para negociação salarial

Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Bancários do Norte e secretário-geral da UGT, ao centro António Fonseca, presidente do Mais Sindicato, com Helena Carvalheiro, presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, com outro sindicalista
Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Bancários do Norte e secretário-geral da UGT, ao centro António Fonseca, presidente do Mais Sindicato, com Helena Carvalheiro, presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, com outro sindicalista
Ana Baiao

Os sindicatos da banca afetos à UGT, o Mais Sindicato, o SBN e o SBC, estão a recorrer à conciliação da DGERT na negociação salarial para 2024 porque as negociações com os bancos estão num impasse. “Intransigência” das instituições financeiras leva sindicatos a pedir intervenção

Sindicatos da banca afetos à UGT pedem intervenção da Direção-Geral do Emprego para negociação salarial

Isabel Vicente

Jornalista

As três estruturas sindicais da banca afetas à UGT (Mais Sindicato, SBN e SBC) pediram a intervenção da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), para concluírem as negociações salariais com os bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), rejeitando o aumento de 3% já negociado com o Sindicato dos Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB).

Esta negociação decorre há meses na Associação Portuguesa de Bancos (APB) e entre os bancos subscritores estão o Santander, o BPI, o Novo Banco, entre outros.

O recurso à DGERT decorre do facto de as negociações não terem ainda chegado a bom porto. Os sindicatos não conseguem que estes bancos descolem dos 3% de atualização salarial para 2024. Recorde-se que os sindicatos pediam uma atualização de 6%.

Para este impasse concorreu também o facto de o SNQTB ter negociado um aumento de 3% com os bancos subscritores do ACT junto da APB, numa negociação unilateral, que começou por ser conjunta com todos os sindicatos.

O Mais Sindicato, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Banca, Seguros e Tecnologias (SBC) e o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Financeiro de Portugal (SBN) invocam o recurso à DGERT “face ao impasse do processo ao fim de mais de seis meses de negociação”.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, as estruturas sindicais afetas à UGT sublinham a “intransigência das instituições de crédito (IC) subscritoras do ACT do setor bancário ao longo das negociações de revisão salarial para 2024”, depois de em novembro do ano passado terem apresentado a sua reivindicação de 6% de aumento nas tabelas salariais e cláusulas de expressão pecuniária, para ativos e reformados".

Os três sindicatos referem que têm tentado “contribuir para um consenso que permitisse um acordo, reformularam já a proposta inicial por diversas vezes, tendo apresentado a quinta e última em abril”. E advertem que “ao longo destes meses, as instituições de crédito foram arrastando as negociações, rejeitando sempre os esforços dos sindicatos”.

As mesmas estruturas dão ainda nota de que os bancos avançaram com “uma primeira contraproposta de 2%, alteraram-na para 2,5% e, no final de maio, avançaram com um aumento final de 3%, aceite por outro sindicato”, e rejeitado pelos sindicatos da UGT.

Os sindicatos deixam um aviso ao sector: “se o comportamento observado na revisão do ACT do setor bancário for adotado por outras instituições, como a CGD ou o BCP, e as negociações em curso não evoluírem, a resposta será igual, pois não podem aceitar tão míseros aumentos perante tão elevados lucros”.

Sindicatos dizem que perda de poder de compra é de 7,3%

Os sindicatos afetos à UGT dizem rejeitar a proposta de 3% “em nome da justiça para com os trabalhadores e reformados que representam”, uma vez que esta “não compensa o poder de compra perdido nem garante a equidade na repartição dos enormes ganhos de produtividade do setor”.

E as mesmas entidades dão nota da “discrepância entre o Índice de Preços ao Consumidor (IPC – vulgo inflação) e os aumentos salariais dos bancários", quer em 2021 (em que o IPC variou 1,3% e o aumento salarial foi de 0,5%), quer em 2022, (IPC a subir 7,8% e aumento salarial de 1,1%). Em 2023 a inflação foi de 4,3% e o aumento salarial de 4,5%. Os sindicatos concluem que a “perda efetiva do poder de compra dos trabalhadores foi de 7,3%”.

As três estruturas referem que se debatem não apenas com a atualização salarial mas também com o aumento das reformas. E recordam ainda que “os lucros dos bancos têm crescido exponencialmente (2023), o que se repetiu no primeiro trimestre deste ano”. “Soma-se a substancial redução de custos devido ao encerramento de balcões e, consequentemente, a diminuição de trabalhadores”, acrescentam.

“Nunca poderíamos pactuar pactuar com mais uma penalização para os bancários, aceitando um aumento de 3% para ativos e reformados, que além de insuficiente é absolutamente injusto”, concluem os sindicatos afetos à UGT.

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