Sistema financeiro

Juros levam lucro do Crédito Agrícola a crescer 19% no primeiro trimestre

Licínio Pina, presidente do Grupo Crédito Agrícola
Licínio Pina, presidente do Grupo Crédito Agrícola

Com uma taxa média de 5,7% a receber dos créditos e a pagar 0,9% nos depósitos, a margem financeira do Crédito Agrícola disparou no primeiro trimestre. Foi, aliás, o único contributo positivo para o lucro do grupo entre janeiro e março

Juros levam lucro do Crédito Agrícola a crescer 19% no primeiro trimestre

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Crédito Agrícola foi mais um banco a registar um crescimento do lucro no primeiro trimestre deste ano. O resultado líquido fixou-se em 114,3 milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 19% em relação ao mesmo período do ano passado.

Ainda que os bancos antecipem que este ano haja já um abrandamento, a margem financeira ainda está a beneficiar as contas do grupo cooperativo, segundo o comunicado enviado às redações esta quinta-feira, 23 de maio. Esta rubrica, que representa sobretudo a diferença entre os juros cobrados nos créditos e os juros pagos nos depósitos, disparou 34% e chegou aos 205,2 milhões de euros.

De acordo com o documento, a taxa média cobrada nos créditos do Crédito Agrícola é de 5,7%, nos depósitos é 0,89%. É da diferença entre elas que sai, depois, o principal ganho dos bancos.

Restantes rubricas penalizam

Nas outras rubricas de proveitos, as comissões líquidas cederam ligeiramente, bem como os ganhos com contratos de seguros, ou os resultados com operações financeiras. Ainda assim, graças à margem, o produto bancário, que agrega todas as receitas, acabou a crescer 15,7%, para 261,2 milhões de euros, entre janeiro e março.

Já os custos de estrutura aumentaram quase 5%, para 106,4 milhões de euros, sobretudo devido a encargos com os trabalhadores, e também gastos com publicidade, evitando maiores lucros. “Os custos com pessoal verificaram um acréscimo de 5,4% face ao período homólogo, essencialmente devido ao crescimento do número de colaboradores do grupo, que se situou nos 4,4%, e também à atualização salarial de 4,6% ocorrida em 2023”, sublinha Licínio Pina, o presidente executivo do grupo, citado no comunicado de resultados.

Por sua vez, a rubrica de provisões e imparidades passou de 2,3 milhões de euros negativos para 5 milhões de euros negativos, acabando por também limitar ligeiramente o crescimento do lucro para um valor ainda mais alto. Apesar de não haver um volume significativo de novas imparidades para crédito, o rácio de crédito malparado do Crédito Agrícola agravou-se de 6,2%, em dezembro, para 6,4%, em março.

Mais rentável, mais capital

Com estes resultados de mais de 100 milhões de euros, o grupo Crédito Agrícola, que conta com cerca de 70 caixas autónomas pelo país (cada uma com vários balcões espalhados na região correspondente), viu os rácios de capital crescerem fortemente. O rácio CET 1, o que olha para o peso dos melhores fundos próprios face aos ativos, fixou-se em 22,8%, quando um ano antes pouco superava os 20%.

A nível de retorno, estes resultados significam uma rentabilidade dos capitais próprios de 18,3%.

Mais crédito, mas só a empresas e sector público

O grupo Crédito Agrícola apresentou uma carteira de crédito de 12,1 mil milhões de euros, um crescimento de quase 2% em relação a março de 2023. A expansão verificou-se nos empréstimos a empresas e administração pública, caindo no caso dos particulares, tanto para habitação como consumo.

Nos recursos de clientes, houve um avanço de 3%, com os depósitos a superarem os 20,3 mil milhões de euros. O rácio de transformação (que avalia o volume de depósitos transformado em crédito) desequilibrou-se ainda mais, caindo de 58,3% para 57,5%, ou seja, aproxima-se dos 50%, o que quererá dizer que cerca de metade do dinheiro depositado não é direcionado para financiar a economia.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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