Fidelidade prepara ida para a bolsa em 2025 e admite expandir-se para mais geografias
Rogério Campos Henriques, presidente executivo da Fidelidade
Ao mesmo tempo que está a colocar a Luz Saúde no mercado, a Fidelidade confirma a sua intenção de ter parte do capital em bolsa. A expansão internacional da companhia, que se expandiu pela América Latina nos últimos anos, continua a ser um objetivo
É no próximo ano que a Fidelidade espera ser capaz de ir para a Bolsa. A seguradora, detida pelos chineses da Fosun, confirma a intenção de dispersar parte do capital no mercado bolsista em 2025, sendo que este ano prepara o regresso à bolsa da sua participada Luz Saúde e abre as portas à entrada em novas geografias.
“Indo ao encontro das expectativas reiteradamente enunciadas pelos nossos acionistas, iniciaremos também os trabalhos necessários para colocar o capital da Fidelidade em bolsa em 2025”, aponta a mensagem do conselho de administração e da comissão executiva da Fidelidade na proposta de relatório único integrado de 2023, que vai ser votada em assembleia-geral a 6 de maio e que foi inicialmente noticiada pelo Eco.
“Será um processo exigente”, continua a mesma mensagem da principal seguradora do país, com uma quota de cerca de 30% do mercado nacional. Perto de 85% das ações da seguradora estão nas mãos da Fosun, 15% pertencem à Caixa Geral de Depósitos (CGD) e uma pequena parcela está dispersa por pequenos acionistas. A empresa não especifica, porém, qual o mercado bolsista em que a Fidelidade pretende dispersar o seu capital, sendo que Portugal não é já o principal gerador de receitas da empresa.
Jorge Magalhães Correia, chairman da Fidelidade e vice-presidente do BCP, é o representante da Fosun em Portugal
José Fernandes
Entrada em novos mercados em vista
A presença internacional é uma das apostas da Fidelidade desde que passou para o controlo da Fosun, em 2014, e que há dois anos precisou de racionalizar os seus investimentos. E em Portugal a Fosun já avançou com a redução da sua participação acionista no BCP (passou de 30% para 20% e foi já noticiado que tem abertura para alienar essa posição).
“O desenvolvimento da atividade internacional continuará a marcar a agenda, uma vez que o grupo Fidelidade pretende posicionar-se como um player de referência nos mercados internacionais, em que estiver presente e construir um caminho de crescimento fora do seu mercado doméstico. O grupo continuará em 2024 a consolidar e potenciar as operações existentes e também a analisar eventuais oportunidades de entrada em mercados complementares em que possa ter uma vantagem competitiva”, refere o relatório da empresa que tem como presidente executivo Rogério Campos Henriques, e como presidente não executivo Jorge Magalhães Correia.
Nuno Fox
Lucro cresce 2,6%
A companhia conta hoje com 8173 trabalhadores, 59% dos quais nas operações internacionais, 41% a operarem em Portugal. Macau, Angola e Peru são algumas das geografias em que a Fidelidade marca presença, tais como o Liechtenstein, onde tem a seguradora The Prosperity Company. Em 2023, a companhia portuguesa registou um lucro de 180 milhões de euros, mais 2,6% em relação ao ano anterior.
No ano passado, os prémios de seguro subiram mais timidamente, 1,7%, chegando aos 5,2 mil milhões de euros, sobretudo à boleia do ramo não vida (automóvel, saúde, acidentes de trabalho, incêndio, etc.), já que houve quebra do ramo vida (produtos financeiros), com o impacto das taxas de juro. Nas perspetivas para 2024, a Fidelidade acredita que há espaço para crescimento no ramo não vida, com um contexto mais desafiante no ramo vida.
Luz Saúde a caminho da bolsa
Antes de a Fidelidade ir para a bolsa, procurará colocar uma das suas empresas no mercado, como já foi anunciado e admitido publicamente: é intenção colocar uma “percentagem minoritária” da Luz Saúde em bolsa, “apenas e quando estiverem reunidas as condições de mercado”. Uma frase que é uma forma de retirar pressão sobre esse momento, para não haver pressão sobre o preço, sendo que a ideia era que tal passo pudesse ser dado em maio.
Antes da ida para a bolsa, será realizado um aumento de capital de 100 milhões de euros para serem encontrados novos acionistas, “investidores institucionais, tanto nacionais como internacionais”. A Fidelidade, que lembra estar a construir a sua nova sede, em Entrecampos, em Lisboa, quer continuar maioritária na empresa gerida por Isabel Vaz.