Sistema financeiro

Depósitos a prazo crescem 6,6% em outubro, o ritmo mais alto dos últimos 11 anos

Depósitos a prazo crescem 6,6% em outubro, o ritmo mais alto dos últimos 11 anos

Os portugueses têm estado nos últimos meses a substituir o dinheiro que tinham nos bancos sem juros por depósitos a prazo com taxas mais interessantes. Já os pedidos para compra de casa continuam a cair

Depósitos a prazo crescem 6,6% em outubro, o ritmo mais alto dos últimos 11 anos

Isabel Vicente

Jornalista

Os portugueses mantiveram a tendência de substituição de depósitos à ordem por depósitos a prazo, em outubro, revelam as mais recentes estatísticas de empréstimos e depósitos bancários de empresas e particulares, do Banco de Portugal.

Esta terça-feira, o banco central refere que no final de outubro,"o stock de depósitos de particulares nos bancos residentes totalizava 175,2 mil milhões de euros, mais 0,5 mil milhões de euros do que em setembro".

No período em análise, os depósitos à ordem “reduziram-se 2,4 mil milhões de euros (ou seja 3,7%), enquanto os depósitos a prazo (que incluem os depósitos com prazo acordado e os depósitos com pré-aviso) aumentaram 2,9 mil milhões de euros” face aos números de outubro de 2022.

Os depósitos com prazo acordado, dá nota o Banco de Portugal, “registaram uma taxa de crescimento de 6,6%, relativamente a outubro de 2022, a mais elevada desde julho de 2012”.

Pedidos de crédito a cair

Já os empréstimos de particulares desceram em outubro pela segunda vez consecutiva.

“No final de outubro de 2023, o montante total de empréstimos a particulares registou um decréscimo em termos anuais (-0,4%) pelo segundo mês consecutivo”, revelam as estatísticas do supervisor da banca.

O montante total de empréstimos para habitação era de “99 mil milhões de euros, menos 0,2 mil milhões do que em setembro”, e menos 1% relativamente a outubro de 2022.

O Banco de Portugal justifica o decréscimo, por um lado, com o aumento das amortizações antecipadas e, por outro, com o abrandamento na procura de crédito à habitação.

Já os empréstimos ao consumo subiram ligeiramente para 21,1 mil milhões de euros, ou seja mais 0,1 mil milhões do que em setembro. “Estes empréstimos aumentaram 3,5% em relação a outubro de 2022 (3,1% em setembro)”, indica ainda o banco central.

Nas empresas o crédito concedido caiu 3,3%

Os empréstimos concedidos pela banca às empresas totalizaram em outubro 72,5 mil milhões de euros, o que representou menos 0,8 mil milhões de euros do que no final de setembro.

O montante concedido caiu 3,3% face a outubro de 2022, o que revela o décimo mês consecutivo com uma taxa negativa de variação anual.

Em Portugal a contração do crédito é muito maior do que na média da zona euro, que registou uma queda de 0,9%.

“Por dimensão das empresas, as microempresas continuaram a registar uma taxa de variação anual positiva (2,3%), enquanto as restantes tipologias (pequenas, médias e grandes empresas) apresentaram taxas negativas, mais acentuadas nas médias e nas grandes empresas (-6,7% e -7,2%, respetivamente)”, revela o Banco de Portugal.

Já no que diz respeito à taxa de variação por setor de atividade e face ao mês de setembro a redução abrangeu a maior parte dos setores.

Só o “setor da construção e atividades imobiliárias apresentou uma taxa de variação anual positiva de 0,3% (1,2% em setembro), por contraposição aos setores do comércio, transportes e alojamento, as indústrias e eletricidade, que registaram taxas de variação anual negativas”.

O Banco de Portugal dá ainda nota do rácio de empréstimos sobre depósitos, referindo que este indicador atingiu o seu valor mínimo em julho de 2022 (70%), e tem-se mantido abaixo dos 100% desde junho de 2013.

“No final de outubro de 2023, o rácio de empréstimos sobre depósitos de particulares foi de 73%, ou seja, por cada 100 euros de depósitos de particulares, os bancos concederam 73 euros de empréstimos a particulares”.

Em comparação com o rácio de outros países para a área do euro, só quatro países — Finlândia, Eslováquia, Países Baixos e Estónia — tinham este rácio acima dos 100%. Ou seja estavam a conceder mais crédito do que recebiam de depósitos.

Neste indicador Portugal está um ponto percentual abaixo da média da área do euro.

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