São lucros “muito positivos, não fogem à regra do resultado dos bancos do mundo inteiro”: foi assim que Pedro Castro e Almeida, presidente executivo (CEO) do Santander Portugal, anunciou esta sexta-feira, 28 de julho, os lucros de 334 milhões de euros alcançados no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em conferência de imprensa na sede do banco em Lisboa, Castro e Almeida defendeu que “mais do que a subida da taxa de juro, os resultados refletem a transformação comercial e digital dos últimos anos”. Mas, disse o CEO, “o principal driver [motor] é a margem financeira, é o que tem ajudado muito os resultados do banco em Portugal e no mundo inteiro, pelo menos no hemisfério norte”, repetiu.
A margem financeira do Santander em Portugal situou-se em 586,5 milhões de euros até junho, um avanço de 58% em relação ao primeiro semestre do ano passado. É esta a rubrica que evoluiu com base na diferença entre os juros cobrados em créditos e os juros pagos nos depósitos.
De resto, houve uma quebra de 3,5% das comissões cobradas, o que o administrador financeiro, Manuel Preto, justificou com as limitações legislativas e com o menor negócio creditício que tem vindo a registar.
O produto bancário - que agrega a margem, as comissões e outros resultados financeiros - subiu 36% para os 612,9 milhões de euros.
Mais custos, mais imparidades, mais impostos
No campo dos custos, houve um aumento de 5% para 255 milhões de euros, sobretudo com despesas administrativas, e não só com pessoal. O banco contava, no fim de junho, com 4666 trabalhadores, menos 30 do que um ano antes, espalhados por 333 balcões (menos 8).
As imparidades, que no ano passado tiveram um impacto abaixo dos 25 milhões de euros, este ano retiraram mais de 70 milhões de euros de resultados no primeiro semestre. As imparidades de crédito significaram metade deste valor, devido ao “complexo contexto económico, inflação persistente, taxas de juro estruturalmente mais elevadas, assim como a subida moderada de desemprego”, indica o comunicado de resultados. Porém, o presidente ressalva que não há sinais de incumprimento, nem reflexos na qualidade da carteira de crédito.
Menos crédito e menos depósitos
A carteira de crédito do Santander em Portugal desceu 3,8% para 41,9 mil milhões de euros, com uma quebra de 9,2% no crédito a empresas, e de 1,2% no crédito a particulares (em especial na habitação, porque houve um ligeiro aumento no crédito ao consumo).
Os recursos de clientes afundaram-se 7% para 47,7 mil milhões de euros, devido sobretudo à quebra de quase 9% do volume de depósitos que o Santander tem.
Os lucros cresceram 38%, mas a fatura fiscal subiu mais, 54%, tendo o banco pago 167 milhões de euros em impostos.
Notícia atualizada às 10h02 com mais informações
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