Sistema financeiro

Bancos esperam quebra ainda maior da procura por crédito à habitação

Bancos esperam quebra ainda maior da procura por crédito à habitação
José Fernandes

Inquérito do Banco de Portugal mostra que bancos dizem não agravar as condições dos créditos à habitação, mas que os particulares é que não têm procurado

Bancos esperam quebra ainda maior da procura por crédito à habitação

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A procura por empréstimos à habitação tem vindo a cair e assim deverá permanecer no terceiro trimestre deste ano, segundo informaram as instituições de crédito ao Banco de Portugal. Nem as mexidas nos spreads para empréstimos para a casa com risco médio invertem a tendência.

De acordo com o Inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, estudo divulgado pelo supervisor esta terça-feira, 25 de julho, a procura de empréstimos por particulares tem sofrido uma quebra, “sobretudo para a aquisição de habitação”.

Entre os fatores indicados pelos bancos para esse comportamento estão “as perspetivas para o mercado da habitação, incluindo a evolução esperada dos preços da habitação, a confiança dos consumidores e o nível geral das taxas de juro”.

Estes são dados relativos ao segundo trimestre do ano, para o qual as entidades bancárias estão agora a apresentar resultados. Na semana passada, a Caixa Geral de Depósitos, o maior banco do sistema, já divulgou que a carteira de crédito à habitação cedeu 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os restantes bancos revelam os números no final desta semana (BCP na quinta-feira; o Novo Banco, Santander e BPI na sexta).

O agravamento dos juros pelo Banco Central Europeu (há nova reunião esta semana que poderá mexer novamente na taxa diretora) tem sido a grande justificação para o travão aos novos créditos à habitação. E assim deverá continuar a ser.

As expetativas dos bancos são de que volte a haver uma ligeira diminuição da procura de crédito por particulares, que inclui o crédito à habitação. Nem mesmo o facto de estar a ser reduzido o spread aplicado pelos bancos nos empréstimos de risco médio leva a que a procura por crédito aumente.

Os bancos colocam assim o ónus da quebra do crédito na procura e não do lado da oferta, onde dizem que os critérios de concessão mantêm-se inalterados, ou, então, até menos restritivos (apontando para esta questão do spread em empréstimos de risco médio, só com agravamento do spread nos de risco mais elevado).

Já no que diz respeito a créditos a empresas, há um “aumento muito ligeiro da restritividade no crédito a empresas, transversal à dimensão da empresa e à maturidade do empréstimo”, havendo até um ligeiro aumento dos pedidos de crédito rejeitados a pequenas e médias empresas – e esse maior travão deverá manter-se no terceiro trimestre do ano.

Para os empréstimos a empresas, perspetiva-se uma “diminuição da procura de empréstimos, em particular por PME e de empréstimos de longo prazo; em sentido contrário, [os bancos antecipam um] ligeiro aumento da procura de empréstimos de curto prazo”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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