No primeiro semestre deste ano a CGD registou um lucro consolidado de 608 milhões de euros, mais 25% do que em igual período de 2022, quando o lucro ascendeu a 486 milhões de euros. Foi o melhor resultado desde 2007.
A margem financeira global cresceu 127,7%, um indicador que melhorou substancialmente de há um ano a esta parte devido ao aumento das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE).
Paulo Macedo, presidente executivo da banco público, sublinhou esta sexta-feira na apresentação das contas a melhoria dos resultados em Portugal mas também nas operações internacionais da Caixa.
Aliás em relação ao Banco em Cabo Verde, a Caixa já tem candidatos e aguarda que o governo se manifeste sobre a venda.
Fez também questão de afirmar que a Caixa já pagou “toda a divida privada que lançou e dois terços do que o Estado injetou no banco”, estando por isso a cumprir o seu papel.
Recorde-se que a Caixa reembolsou antecipadamente uma emissão de 500 milhões de euros recentemente, liquidando desta forma toda a dívida privada que tinha relativa à sua recapitalização. E dos 2,5 mil milhões de euros da injeção em 2017, já reembolsou o Estado em dois terços, ou seja, já pagou 1,675 mil milhões.
O rácio de capital total atingiu 19,6% a 30 de junho.
Do total dos lucros, 506 milhões de euros dizem respeito ao negócio em Portugal. Já nas operações internacionais os lucros ascenderam a 102 milhões de euros.
Para os resultados contribuiu sobretudo a subida da margem financeira, a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos. Em Portugal a margem financeira subiu 189,6% de 337,9 milhões de euros para 1,09 mil milhões de euros. A este comportamento não é alheio o aumento das taxas de juro por parte do BCE, para combater a inflação, que levou os juros do crédito à habitação a ultrapassar os 4%.
A subida dos juros tem-se verificado sobretudo no crédito à habitação, permitindo aos bancos uma recuperação significativa das suas margens.
Na remuneração dos depósitos a prazo os juros também têm subido, mas de forma mais lenta. Só a partir de maio os bancos, incluindo a CGD, começaram a dar sinais de subidas promocionais e marginais nas taxas oferecidas aos depositantes.
Quanto à remuneração dos depósitos, Paulo Macedo diz que na Caixa há depósitos com remunerações de 2,5% o que revela já uma subida face ao que era praticado no inicio do ano.
Só crédito a empresas e setor público cresce e depósitos sobem muito pouco
Em Portugal o crédito a clientes caiu marginalmente 0,3% para 45,4 mil milhões de euros face a igual período de 2022. A compensar a queda de 2,1% no crédito à habitação (24,4 mil milhões) esteve o crédito a pequenas e médias empresas (PME), que cresceu 1% para 4,1 mil milhões de euros. No crédito a empresas de maior dimensão e setor público houve um aumento de 1,9% para 19,9 mil milhões de euros.
No crédito à habitação, Paulo Macedo refere que dos 323 mil contratos de crédito, menos de 5% foram objeto de renegociação, ou seja, cerca de 16 mil contratos.
No que toca aos depósitos verificou-se neste semestre uma tendência de subida no primeiro semestre de 0,6% para 68,8 mil milhões de euros, 77% do valor está em particulares e 18% em empresas e 5% para o sector público e institucionais.
As comissões, por seu turno revelam uma tendência decrescente, já os custos de estrutura registaram um aumento de 10%.
Provisões e imparidades para crédito sobem para prevenir e reestruturar
No primeiro semestre a Caixa contabilizou mais 298 milhões de euros para reforço de imparidade de risco de crédito, mas também como “abordagem preventiva”, como aliás fez na crise pandémica.
O banco público avança ainda com provisões para saídas voluntarias de trabalhadores e pré-reformas que podem ocorrer entre os 55 anos e os 60 anos. Afetou para isso mais 199 milhões de euros.
“Há sempre um conjunto de pessoas que quer sair e a Caixa tem de anuir a isso”, afirma Paulo Macedo, referindo que esse número atinge os 400, acrescentando ainda que “estamos ao mesmo tempo a recrutar bastantes pessoas. Este ano, cerca de 200”.