O BCP aprovou, na assembleia-geral desta quarta-feira, 24 de maio, a distribuição de quase 10 milhões de euros pelos seus trabalhadores. É o montante que vai permitir que os trabalhadores sejam compensados pelos cortes salariais impostos entre 2014 e 2017, compromisso estabelecido desde a intervenção estatal na instituição financeira. O valor chegará aos trabalhadores com a remuneração de junho.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o banco diz que “foi aprovada a proposta de aplicação de resultados para o exercício de 2022” na reunião que contou com a participação de acionistas com 64,29% do capital. Todos os restantes pontos, como a aprovação de contas e o louvor à gestão de Miguel Maya, também foram aprovados.
“Para a Assembleia Geral a realizar em 24 de maio de 2023, foi apresentada pelo Conselho de Administração uma proposta de aplicação de resultados relativamente ao exercício de 2022, que incluiu uma distribuição extraordinária pelos colaboradores até Euros 9.972.000, devendo a determinação concreta do montante a atribuir a cada colaborador ser fixado pela Comissão Executiva aos colaboradores que, não tendo já sido integralmente compensados com os resultados distribuídos em 2019, 2020 e 2022, se mantenham em funções na data de pagamento da remuneração correspondente a junho de 2023”, segundo explica o banco no relatório e contas do primeiro trimestre.
“Esta distribuição extraordinária de resultados, em conjunto com as de 2019, 2020 e 2022, permitirá a distribuição aos colaboradores em funções em junho de 2023 de um valor acumulado igual ao valor total não recebido durante o período de ajustamento salarial temporário indicado no parágrafo anterior”, sustenta a instituição liderada por Miguel Maya. O objetivo é que a ajuda seja entregue com o salário de junho.
Os cortes salariais temporários para o período entre 2014 e 2017 foram determinados devido à injeção de 3 mil milhões de euros do BCP, sendo que o compromisso assumido pela liderança foi trabalhar para a sua distribuição aquando da devolução da ajuda estatal. Os trabalhadores com salário acima de mil euros brutos sofreram cortes. E a devolução é o que tem vindo a acontecer desde 2019.
Este ano, voltou a haver resultados distribuíveis para os trabalhadores, sendo que é a última vez que o banco diz ter de devolver aos funcionários. Pelo contrário, os acionistas não terão direito a receber dividendos, mas a gestão de Miguel Maya pretende retomar esse pagamento de forma regular para os acionistas, em que se destacam a Fosun, dona de 29,95% do capital, e a Sonangol, detentora de 19,45% do capital.
Nos próximos anos, havendo resultados para distribuir (o que será mais fácil, tendo em conta a reformulação do capital próprio empreendida pela instituição, o gás dado pelo Banco Central Europeu ao cálculo da solidez, o facto de os lucros do BCP terem disparado 90% só no primeiro trimestre), os acionistas receberão dividendos.
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