Lucros do BCP disparam 90% para 215 milhões de euros no primeiro trimestre
Margem dos juros beneficiou BCP, que registou um crescimento do lucro na operação nacional. Polónia continua a pesar, mas houve uma venda a ajudar as contas
Margem dos juros beneficiou BCP, que registou um crescimento do lucro na operação nacional. Polónia continua a pesar, mas houve uma venda a ajudar as contas
O Banco Comercial Português obteve um lucro de 215 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, o que representa um crescimento de 90% face ao mesmo período de 2022.
É mais um banco nacional a beneficiar do ambiente de taxas de juro, que tem dinamizado as contas das instituições bancárias - sendo que o BCP também ganhou com a venda de uma participação na polaca Millennium Financial Services.
“Esta evolução do resultado líquido consolidado ficou a dever-se ao crescimento expressivo registado quer na atividade em Portugal, quer na atividade internacional, levando a que a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) do Grupo se situasse nos 17,7%, significativamente acima dos 8,2% apurados no primeiro trimestre de 2022”, lê-se no comunicado enviado à CMVM.
A margem financeira do BCP – que reflete, em grande medida, a diferença entre juros nos créditos e juros nos depósitos – somou 43% para 664,6 milhões de euros. Como tem acontecido em todos os bancos, a subida das Euribor está a levar os bancos a engordar a margem por via dos créditos, bem como com a demora na subida da remuneração dos depósitos.
No primeiro trimestre, também as comissões ganharam 1,3% para 195,4 milhões, com crescimento em Portugal, mas quebra nas operações internacionais.
Já os custos operacionais cresceram 5% para 268,5 milhões de euros. “Não obstante a gestão disciplinada dos custos e a manutenção do enfoque do Grupo no compromisso assumido de melhoria de eficiência, esta evolução foi fortemente condicionada pelas taxas de inflação que se verificaram nas várias geografias em que o Banco opera”, explica a entidade.
A Polónia continua a pesar nas contas do BCP devido aos créditos hipotecários concedidos com francos suíços que abriram luta legal no país. Houve encargos de 206 milhões de euros, em parte por um maior conservadorismo na hora de calcular qual o valor a colocar de lado para eventuais perdas judiciais.
Mas, apesar disso, houve um resultado positivo de 127 milhões pela venda de 80% da participação na unidade seguradora polaca, a Millennium Financial Services.
O lucro da Polónia fixou-se em 54 milhões, face aos 26 milhões negativos dos primeiros três meses do ano passado. É o segundo trimestre de resultados positivos.
“Não sei dizer se a Polónia já passou o pior. Risco de negócio sabemos gerir; riscos políticos e jurídicos é muito difícil saber”, disse Miguel Maya na conferência de imprensa que teve lugar esta segunda-feira, 15 de maio.
Em suma, a operação do BCP acabou a gerar, antes da fatura fiscal, cerca de 406 milhões de euros entre janeiro e março, mais do que duplicando os 192 milhões do primeiro trimestre de 2022. Os impostos a pagar foram de 156 milhões face aos 86 milhões homólogos. “Foram fortemente condicionados pela constituição de provisões relacionadas com riscos legais associados à carteira de créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira e pelos tributos sobre o setor bancário, em ambos os casos não dedutíveis para efeitos fiscais, na subsidiária polaca”, explica a entidade.
A nível de capital, o BCP conseguiu melhorar os seus rácios: “umas das notícias mais positivas deste primeiro trimestre”, classificou Miguel Maya. Sendo um dos bancos com os valores mais frágeis, o rácio mais exigente (CET1) fixou-se em 13,6% em março, o que compara com 11,5% um ano antes, beneficiando da aprovação de um cálculo mais flexível das posições cambiais.
Aliás, nesse sentido, Maya quis agradecer aos seus acionistas por terem dado apoio e pela “disponibilidade em acompanhar processo de recuperação do banco”. A Fosun, com 29,95% do banco, e a Sonangol, com 19,45%, são os principais acionistas que, por mais um ano, não vão ter dividendos.
notícia atualizada com mais informações pelas 17h49 com mais informações
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes