O Banco Central Europeu (BCE) pode precisar de subir as taxas de juros durante mais tempo do que o inicialmente previsto, e só em setembro se deverá analisar a eficácia destes aumentos, disse o membro do conselho da autoridade monetária, Peter Kazimir, esta terça-feira.
O BCE tem vindo a subir as taxas de juro em todas as reuniões desde o verão de 2022 para combater o aumento galopante da inflação. Apesar da crise - e de receios quanto ao seu possível agravamento por parte de vários bancos centrais desde o início de 2023 - o BCE voltou a subir os juros na última reunião, ainda que a um ritmo menor do que tem feito (25 pontos base, o menor aumento desde o início do aperto).
"Com base nos dados de hoje, teremos que continuar a subir as taxas de juros por mais tempo do que o previsto", disse Kazimir, governador do banco central da Eslováquia, citado pela agência de notícias “Reuters”. “Portanto, diminuir o ritmo para 25 pontos base é um passo que nos permitirá aumentar gradualmente por mais tempo.”
Segundo a agência de notícias, alguns comentadores do setor argumentam que, uma vez que os juros atinjam seu pico, eles devem permanecer lá por algum tempo.
O maior problema é que a inflação está a diminuir a um ritmo mais lento do que o inicialmente previsto. O BCE prevê que ainda faltem cerca de dois anos para a inflação ficar abaixo dos 2% (a sua meta). Parte da preocupação é que as altas pressões sobre os preços subjacentes e o crescimento relativamente rápido dos salários continue a pressionar os preços por algum tempo.
"O desenvolvimento do núcleo da inflação, o aumento contínuo das pressões salariais e as altas margens de lucro exigem vigilância e reconfirmam a necessidade de continuarmos o nosso caminho", disse Kazimir.
Segundo o responsável, só na reunião de setembro será possível medir a eficácia destes aumentos e se a inflação está a caminhar na direção correta.
Não é a primeira vez que o líder do banco central eslovaco apela à continuação da subida dos juros. Em janeiro, apelava a duas novas subidas de 50 pontos base, não vendo razão para desacelerar.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes