Sistema financeiro

Novo Banco com lucro de 148,4 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023

Novo Banco com lucro de 148,4 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023
Antonio Pedro Ferreira

Os lucros do Novo Banco cresceram 4% face aos primeiros três meses de 2022. Provisões aumentam e depósitos diminuem

Nos primeiros três meses de 2023, os lucros do Novo Banco ascenderam a 148 milhões de euros, um aumento de 4% face a igual período de 2022.

A Margem Financeira ascendeu a 246,3 milhões de euros, o que compara com 133,5 milhões no primeiro trimestre de 2022, correspondendo a um crescimento de 84,5%. Para isso contribuiu "o reflexo da melhoria da taxa de juro média dos ativos que superou o aumento do custo de financiamento".

No comunicado esta sexta-feira divulgado, o presidente executivo do Novo Banco, Mark Bourke, afirma que “os resultados do primeiro trimestre demonstram crescimento consistente e aumento de rendibilidade, excedendo as expetativas", sublinhando especificamente que "o progresso do banco é evidente na capacidade de criação de capital (+100pb no trimestre) claramente reconhecido com o aumento de cinco notações de rating atribuído pela agência de rating nos últimos 12 meses".

Segundo comunicado enviado à CMVM, o produto bancário comercial cresceu 55,8%, impulsionado pelo “desempenho da margem financeira”, já que a sua carteira de crédito está “maioritariamente indexada à taxa de juro variável e pelo ambiente favorável da evolução das taxas de juro”.

Já os custos subiram 8%, com os custos operativos a registar um aumento de 5,9%. Para isso, diz o banco no comunicado, pesaram os gastos gerais administrativos (mais 14,9%) e os custos com pessoal (mais 4,6%). No total ascenderam a 111,9 milhões de euros.

Crédito mexe pouco, depósitos diminuem

O crédito a clientes (bruto) ascendeu a 25,656 mil milhões de euros, o que correspondeu a um aumento marginal de 0,2%. Deste total, 56%, ou seja, 14,252 mil milhões de euros, foi crédito concedido a empresas concedido a empresas, cuja variação face a igual trimestre de 2022 foi de 0,1%.

No crédito à habitação a evolução foi semelhante, com um crescimento marginal de 0,1% para 9,984 mil milhões de euros. Foi o crédito ao consumo o que mais cresceu: 5%.

Já os depósitos - que representam 80,4% dos recursos totais - registaram uma queda de 3,1%, para 27,526 mil milhões de euros, o que, segundo o Novo Banco, “compara favoravelmente com o decréscimo de 2,7% observado no mercado português”. O que encontra justificação na remuneração e fuga de poupanças para os certificados de aforro.

Mais: o banco diz que “dados recentes relativos à evolução mensal dos depósitos, no mês de abril de 2023, revelam um aumento dos depósitos de clientes impulsionado por clientes PMEs e estabilização de saídas de depósitos de retalho”.

O rácio de transformação - depósitos sobre crédito - está nos 85,1%.

Imparidades e provisões reforçadas

Nos primeiros três meses do ano o Novo Banco registou um reforço de imparidades e provisões no montante de 27,7 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 5,9 milhões de euros, ou seja 27,1% face aos primeiros três meses de 2022.

O banco justifica esta subida referindo que “parte significativa do valor reconhecido é justificado pela utilização de pressupostos mais conservadores nos modelos de imparidade coletiva”.

Rácios de capital reforçados

No período em análise “os rácios CET 1 e de solvabilidade total fully loaded apresentaram um aumento de 100 pontos base, para 14,1% e 16,5%, respetivamente”.

O banco liderado por Mark Bourke sublinha que “este desempenho evidencia a capacidade de geração orgânica de capital do modelo de negócio do Novo Banco, com sólido desempenho da margem financeira e disciplina ao nível dos ativos ponderados pelo risco”.

O Novo Banco refere ainda que “nenhum dos montantes não pagos pelo Fundo de Resolução ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente foi considerado no cálculo de capital regulamentar”.

Divergências com Fundo de Resolução sem desfecho

A instituição adianta ainda que “considera os montantes não pagos relativos ao ano de 2020 e 2021 devidos ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente, estando a despoletar os mecanismos legais e contratuais à sua disposição no sentido de assegurar o recebimento dos mesmos”. E que “no que respeita ao valor solicitado ao Fundo de Resolução relativo ao exercício de 2020, subsistem duas divergências, entre o novobanco e o Fundo de Resolução, relativamente (i) à provisão para operações descontinuadas em Espanha e (ii) valorização de unidades de participação, que estão a ser dirimidas num processo arbitral em curso, no âmbito do qual está ainda a ser apreciada a divergência relativa à aplicação pelo novobanco, no final de 2020, da opção dinâmica do regime transitório da IFRS 9”.

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