O Hallenstadion, centro desportivo de Zurique usado como campo de hóquei, foi o espaço escolhido para a primeira assembleia-geral de acionistas presencial desde que a pandemia da covid-19 virou o mundo ao contrário. É, também, a última assembleia-geral do Credit Suisse como tal depois de a venda ao concorrente UBS, por 3 mil milhões de francos suíços, ter forçado os acionistas a incorrer em perdas milionárias. Mas, segundo a equipa de gestão de topo, não havia alternativa.
Justificando-se perante centenas de acionistas que compareceram à última assembleia-geral do Credit Suisse, Axel Lehmann, presidente da defunta instituição, pediu desculpas pelas perdas milionárias que os donos dos títulos tiveram de engolir nas últimas semanas; e dramatizou a situação, dizendo que se tratava de uma escolha entre uma venda ou falência.
“Não conseguimos conter o impacto do legado de escândalos, e contrabalançar notícias negativas com factos positivos (…), o banco [já] não podia ser salvo" depois de perder 25% em bolsa numa quarta-feira catastrófica, disse Lehmann esta terça-feira, 4 de abril, em Zurique, citado pela Bloomberg. Depois disso, nem garantias do banco central da Suíça conseguiam limitar a crise.
“Queríamos focar toda a nossa energia e os nossos esforços em mudar a situação e em colocar o banco de novo no caminho certo (…), custa-me não termos tido o tempo para fazê-lo e que nessa semana fatídica de março os nosso planos tenham sido perturbados. Por isso, lamento muito”, disse o presidente, citado pela Bloomberg.
“Até ao fim, lutámos arduamente para encontrar uma solução. Mas, no fim de contas, só havia duas opções: uma venda ou falência. A fusão tinha de avançar”, acrescentou Lehmann, citado pela Reuters.
O Credit Suisse, banco com os dias contados na sua forma atual depois de ter sido adquirido à pressa pelo concorrente UBS num fim de semana de março, tinha vindo a lidar com uma série de escândalos que provocaram levantamentos de fundos da parte de grandes investidores durante o ano 2022.
O banco encetou um programa de reestruturação no final do ano passado com vista a restabelecer a confiança dos investidores e dos clientes. Mas a crise bancária nos EUA e a indisponibilidade do novo maior acionista, um banco saudita, para injetar mais fundos fizeram com que o banco entrasse numa espiral destrutiva.
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