Sistema financeiro

Credit Suisse recorre a financiamento de 51 mil milhões de euros do banco central da Suíça

Credit Suisse recorre a financiamento de 51 mil milhões de euros do banco central da Suíça

O Credit Suisse anunciou na madrugada desta quinta-feira que irá recorrer a duas linhas de financiamento do banco central helvético num total de 51 mil milhões de euros, e recomprar 3,1 mil milhões de euros em dívida sénior

O Credit Suisse anunciou na madrugada desta quinta-feira, 16 de março, que pretende recorrer à linha de financiamento com garantia e à linha de liquidez de curto-prazo do banco central helvético em até 50 mil milhões de francos (cerca de 51 mil milhões de euros ao câmbio atual).

A liquidez adicional fornecida pelo Banco Nacional da Suíça (BNS) "vai apoiar os negócios nucleares e os clientes do Credit Suisse enquanto o Credit Suisse toma os passos necessários para criar um banco mais simples e mais focado, construído em torno das necessidades dos clientes", vincou o banco em comunicado.

O banco avançou também que pretende recomprar títulos de dez linhas de dívida sénior do banco denominadas em dólares num total que ronda os 2,5 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros); e 500 milhões de euros de quatro linhas de dívida sénior; ambas as ofertas pagas em dinheiro.

As propostas de recompra das obrigações expiram a 22 de março, na próxima quarta-feira, e estão sujeitas a “diferentes condições tal como definido nos memorandos das respetivas ofertas”, segundo a instituição.

“Estas transações são consistentes com a nossa abordagem proativa de gestão da composição geral da nossa dívida e optimização da despesa com juros, permitindo-nos beneficiar dos atuais níveis de comercialização para recomprar dívida a preços atrativos”, explica o Credit Suisse.

“Estas medidas demonstram medidas decisivas para reforçar o Credit Suisse à medida que continuamos a nossa transformação estratégica", reforçou Ulrich Koerner, presidente executivo do banco, citado no comunicado. Agradeceu também ao BNS e à Finma, regulador suíço dos mercados financeiros, entidades às quais o Credit Suisse terá apelado por uma declaração de apoio público, que chegou ao início da noite.

O comunicado do Credit Suisse recorda que “como um banco sistemicamente importante (…), está sujeito a padrões altos nas exigências de capital, financiamento, liquidez, e alavancagem”, tendo terminado o ano passado com um rácio de capital CET1 de 14,1% e um rácio de cobertura de liquidez médio de 144% “que desde então melhorou para perto dos 150%” à data de 14 de março de 2023.

“O uso da linha de financiamento garantida de 39 mil milhões de francos [39,8 mil milhões de euros] irá reforçar adicionalmente o rácio de cobertura de liquidez de forma imediata”, reforça a instituição.

Em relação ao risco de liquidez que vitimou o Silicon Valley Bank, que se viu obrigado a vender obrigações de longo prazo em troca de liquidez de curto prazo, criando falhas ce capital que levaram à sua resolução na semana passada - o Credit Suisse diz estar “posicionado de forma conservadora em relação a riscos de taxa de juro”, dado o “volume de duração dos títulos de rendimento fixo não ser material em comparação ao portefólio de ativos líquidos de elevada qualidade", estando “totalmente protegido face a alterações nas taxas de juro”.

O banco sublinhou igualmente que a carteira de créditos está “altamente colateralizada em quase 90%, com mais de 60% na Suíça e com um rácio de provisões médias para perdas de crédito de 8 pontos-base” nas divisões de gestão de fortunas e na operação suíça, disse.

O banco realçou que a sua estratégia de saída da área de produtos financeiros titularizados já foi alvo de uma redução de ativos superior a 70% do objetivo inicial.

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