Economia

Produção de cereais cai para o nível mais baixo dos últimos 100 anos em Portugal

Foto: Tiago Miranda
Foto: Tiago Miranda

Condições meteorológicas adversas e aumentos dos custos dos fatores de produção estão na base do abandono das culturas cerealíferas

A área ocupada para sementeiras de cereais em Portugal deverá rondar os 103 mil hectares, a mais baixa dos últimos 100 anos. A estimativa é avançada esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O INE especifica que as áreas de cereais de inverno para grão deverão ser inferiores às do ano anterior (-5%), o que resulta da dificuldade de execução dos trabalhos de preparação das terras, bem como do risco associado à instalação das searas “num quadro de escassez de precipitação e de índices de água no solo muito baixos”.

Para além das adversidades meteorológicas, “o forte aumento do preço dos meios de produção poderá também ter contribuído para a diminuição das áreas dos cereais praganosos”, refere o INE. E explica que “desde setembro de 2021, o preço dos adubos aumentou 73% e o do gasóleo colorido 7%, fazendo aumentar a incerteza e anulando o potencial efeito que a tendência altista dos preços destas commodities (em particular do trigo) nos mercados internacionais poderiam ter no aumento das áreas”.

O INE reforça também que “o desenvolvimento das searas dos cereais praganosos tem sido muito condicionado pela escassa precipitação. As semeadas no cedo encontram-se com fraco desenvolvimento vegetativo, especialmente as instaladas em solos mais delgados e com menor capacidade de retenção de humidade”.

Apesar de tudo, a análise do INE nota que nos solos de maior aptidão cerealífera ainda "pode ocorrer alguma recuperação do potencial produtivo, caso se registem valores significativos de precipitação durante o final do inverno/princípio da primavera".

"As searas que foram semeadas tardiamente não germinaram, devido à ausência de chuva no mês de janeiro, sendo a situação muito preocupante em todo Alentejo (região que representou mais de 3/4 da produção de cereais de inverno nos últimos cinco anos). Para a aveia, cereal de sementeira mais precoce, prevê-se uma redução na produtividade na ordem dos 40%", refere o INE.

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