A propósito da discussão sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, a economista Teodora Cardoso considera que, além do "risco da eclosão de uma crise política a mais ou menos curto prazo", há outros dois riscos que, para si, não devem ser esquecidos: "O da contradição entre o acentuar da dependência da governação relativamente a partidos descaradamente antieuropeístas e a dramática dependência financeira relativamente à Europa".
"E convém termos presente que o argumento cínico de que a UE não pode deixar cair um dos seus membros só nos afunda", escreve a antiga presidente do Conselho das Finanças Públicas num artigo de opinião para o "Jornal de Negócios".
Teodora Cardoso adverte ainda para os estragos económicos e sociais que podem resultar daquele que é, "a todos os títulos, um péssimo orçamento, que se integra numa longa e quase ininterrupta série de maus orçamentos".
Em primeiro lugar, os danos são económicos, porque "favorecem a má atribuição de recursos na economia e, por consequência, inibem - embora sempre invocando-os - o crescimento económico sólido e a capacidade de pôr em prática políticas de estabilização efetivas". "E são sociais porque uma economia que não cresce e se endivida não tem meios para sustentar políticas sociais eficazes", acrescenta a economista.
A antiga presidente do Conselho das Finanças Públicas fala ainda sobre o facto de Portugal estar entre os países que não apresentam, "a par com o orçamento, relatórios específicos sobre riscos orçamentais ou sobre estabilidade financeira". "Os atuais problemas do SNS e do sistema de proteção social mostram as consequências deste estado de coisas que, a manter-se, estendê-las-á ao sistema de pensões", defende.
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