O diretor do Jornal de Letras, José Carlos de Vasconcelos, propõe-se a adquirir o título, que integra o grupo Trust in News, de acordo com uma carta dirigida ao administrador de insolvência à qual a Lusa teve acesso.
Na carta dirigida ao administrador de insolvência da Trust in News (TiN), André Pais, consta que o diretor do suspenso Jornal de Letras (JL) se propõe a comprar o título "para garantir a sua sobrevivência".
Lê-se no documento que "o JL, em termos de mercado, para o valor de "venda" global da Trust in News, não conta nada, e se alguém a quiser comprar será para atingir metas que levarão ao desaparecimento do jornal".
"Eu próprio me proponho adquirir, para garantir a sua sobrevivência e com a fundamentada firme convicção que será possível constituir uma empresa", escreve o diretor.
A carta elenca uma descrição onde se lê que "o JL tem um acervo riquíssimo, é um instrumento fundamental ao serviço da língua e cultura portuguesas, da lusofonia e da cidadania, das letras, das artes e das ideias, como unanimemente reconhecem grandes figuras de vários setores".
José Carlos de Vasconcelos apela aos credores da TiN "para que decidam pela possibilidade de alienação individual de títulos".
O diretor do jornal elencou também uma série de personalidades culturais que se pronunciaram sobre o JL ao longo dos seus 45 anos de existência, nomeadamente Lídia Jorge, Manuel Alegre, Jorge Amado e José Saramago.
A TiN encontra-se em processo de insolvência e foi até dada a ordem de cessão da atividade.
No dia 08 de agosto, o tribunal suspendeu a comunicação oficiosa do encerramento da atividade da TiN, que tinha sido pedido pelo administrador de insolvência, aguardando informação efetiva deste ou uma eventual deliberação de assembleia de credores.
Luís Delgado, acionista único da TiN, recorreu da decisão de não homologação do plano de insolvência da empresa.
O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste adiou na segunda-feira passada a assembleia de credores da TiN, que previa a discussão da liquidação da empresa, para 01 de outubro.
O tribunal suspendeu os trabalhos e propôs nova data para a sessão, não tendo sido feita qualquer votação, mediante a apresentação de novas propostas que visam a necessidade de apreciação.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais, como a Exame, Caras, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais, entre outros.
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