Finanças pessoais

Subscrições acima de 50 mil euros representaram mais de 60% do mercado de certificados de aforro no primeiro trimestre

Subscrições acima de 50 mil euros representaram mais de 60% do mercado de certificados de aforro no primeiro trimestre
Antonio Pedro Ferreira

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, foi ao Parlamento explicar a descida da taxa dos certificados de aforro, notando que se estava a assistir a “um aumento do valor de subscrição de forma muito relevante”

Afinal, quem são os portugueses que têm investido em certificados de aforro? Esta quarta-feira, ouvido no Parlamento sobre a decisão do Governo de encerrar a série E e substituí-la pela nova série F, com uma taxa de remuneração mais baixa, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, levantou a ponta do véu.

“Estava-se a assistir a um aumento do valor de subscrição de forma muito relevante”, revelou João Nuno Mendes.

E deu números. “As subscrições acima de 50 mil euros foram mais de 60% do valor subscrito no primeiro trimestre” deste ano, disse o secretário de Estado das Finanças. Essas subscrições foram feitas por “15% dos investidores”, adiantou João Nuno Mendes.

Uma trajetória que, segundo o secretário de Estado, foi “uma das razões” para a mudança das condições de subscrição dos certificados de aforro.

Na audição na Comissão de Orçamento e Finanças, onde tem apresentado as razões do Governo para encerrar a série E dos certificados de aforro a 2 de junho, lançando a nova série F, o secretário de Estado já tinha revelado que a série E concentrava “600 mil aforradores, o que compara com um número total de aforradores em certificados de 900 mil”. Ou seja, dois terços do total.

Recorde-se que no primeiro trimestre deste ano as subcrições líquidas (ou seja, deduzidas de resgates) de certificados de aforro ultrapassaram os 9 mil milhões de euros, chegando aos 10,7 mil milhões considerando também o mês de abril (últimos dados disponíveis).

A 2 de junho foi encerrada a série dos certificados de aforro que se encontrava em comercialização, sendo lançada a nova série F. Esta nova série tem uma taxa de juro-base máxima mais baixa - 2,5%, contra os anteriores 3,5%, que já tinham sido atingidos desde março -, prémios de permanência inferiores nos primeiros nove anos após a subscrição, e reduz o investimento máximo dos anteriores 250 mil euros para 50 mil euros por aforrador.

No Parlamento, João Nuno Mendes justificou esta decisão com o grande afluxo de investimento nos certificados de aforro, ultrapassando em muito o orçamentado, o desalinhamento com o preço face a fontes de financiamento alternativas da República.

Também pesou a necessidade equilibrar as amortizações da dívida pública ao longo do tempo, já que se previa um grande montante para 2033, altura em que terminava os 10 anos do prazo máximo da aplicação da série E dos certificados de aforro para quem tinha investido em 2023.

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