O ano 2021 foi um ano recorde na instalação de nova capacidade solar fotovoltaica em Portugal, revelam os dados publicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que indicam que o ano fechou com 1777 megawatts (MW) de potência fotovoltaica, mais 701 MW do que no ano anterior.
Nunca o país tinha tido uma expansão tão grande, em valores absolutos, na capacidade instalada de fonte solar. Em 2020 tinham sido adicionados 151 MW fotovoltaicos e em 2019 a nova potência ascendeu a 252 MW. Todos os anos anteriores têm níveis menores de nova capacidade solar.
Na energia eólica 2021 foi também um ano de crescimento na capacidade instalada, com mais 126 MW eólicos do que no ano anterior, o que elevou a potência eólica hoje existente em Portugal para 5628 MW. Assim, 2021 foi o ano mais “ativo” em termos de instalação de nova potência eólica dos últimos cinco anos. O ano com mais instalações de nova capacidade eólica foi 2016, quando foram acrescentados 279 MW, de acordo com os dados da DGEG analisados pelo Expresso.
Capacidade fotovoltaica instalada em Portugal
Na última década Portugal multiplicou por mais de sete a capacidade fotovoltaica existente no país. Em 2012 tinha 244 MW instalados, sendo a maior central então existente a da Amareleja, com 46 MW. Ao longo dos últimos anos a potência solar foi crescendo, em especial em 2019 e em 2021.
Nos próximos anos é esperado um crescimento ainda mais acentuado do parque fotovoltaico do país, para a instalação dos 2 gigawatts (GW, 2000 MW) adjudicados nos leilões solares de 2019 e 2020, bem como de mais potência já atribuída a outros promotores noutras modalidades de licenciamento.
A meta do país no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) é até 2030 alcançar uma capacidade fotovoltaica superior a 9 GW, uma potência que seria suficiente para cobrir todo o consumo atual da rede elétrica portuguesa durante algumas horas do dia.
Capacidade eólica instalada em Portugal
Nas eólicas o crescimento da última década é menos expressivo. Em 2012 o país tinha já mais de 4,5 GW de potência eólica em operação. Até 2021 foi acrescentado um pouco mais de 1 GW em aerogeradores, sendo os anos de maior atividade 2016, 2014, 2013 e 2021 (por esta ordem).
Os dados da DGEG mostram que Portugal passou de 2429 torres eólicas em 2012 para 2836 aerogeradores em 2021. No ano passado foram instaladas mais 57 torres eólicas do que as que existiam no final de 2020.
O PNEC prevê para 2030 um crescimento para cerca de 9 GW na capacidade eólica instalada em Portugal. A maior parte do crescimento será em terra, mas o plano admite 0,3 GW de eólicas no mar no final da década.
Capacidade renovável instalada em Portugal em 2021
Atualmente a hídrica mantém a liderança na capacidade renovável do país, com mais de 7 GW instalados (faltando somar-lhe o complexo hidroelétrico que a Iberdrola está a construir no Tâmega), seguida da eólica, e, a uma distância maior, da fotovoltaica e da biomassa.
Todavia, os perfis de produção destas diferentes soluções renováveis são distintos. Embora a capacidade fotovoltaica seja superior à da biomassa, a sua produção de eletricidade é menor. Em 2021 Portugal gerou 3.214 gigawatt hora (GWh) a partir de centrais de biomassa e 2.208 GWh nas centrais fotovoltaicas.
As centrais hidroelétricas lideraram a produção renovável do país, com 13.401 GWh, seguidas, de perto, pelos parques eólicos, com 13.225 GWh. Globalmente a eletricidade de origem renovável teve um peso de cerca de 60% no consumo de eletricidade do país.
Nota: notícia atualizada às 20h45 com novos dados que a DGEG corrigiu nas suas estatísticas mensais já após a publicação original deste artigo; a potência solar fotovoltaica existente em Portugal no final de 2021 foi afinal de 1777 MW (e não os 1386 MW referidos na primeira publicação da DGEG), pelo que a nova capacidade instalada no ano passado não foi de 310 MW mas sim de 710 MW. A alteração aos dados publicados pela DGEG está relacionada com a contabilização de nova capacidade que foi instalada no final de 2021 mas não tinha sido contabilizada inicialmente pela DGEG, bem como de nova produção descentralizada.
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