Endesa a um passo de ganhar concurso para reconversão da central a carvão do Pego
A Endesa teve a melhor pontuação do júri entre as seis propostas que se apresentaram a concurso. A proposta da EDP Renováveis teve a pior avaliação
A Endesa teve a melhor pontuação do júri entre as seis propostas que se apresentaram a concurso. A proposta da EDP Renováveis teve a pior avaliação
A Endesa obteve a melhor pontuação no concurso de projetos para a reconversão da central a carvão do Pego, de acordo com o relatório preliminar do júri deste procedimento, publicado esta sexta-feira pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
A proposta apresentada pela elétrica espanhola do grupo italiano Enel obteve uma pontuação de 3,72, batendo as outras cinco propostas que se apresentaram a concurso. Em segundo lugar ficou a Tejo Energia (atual proprietária da central a carvão do Pego), com 3,27 pontos.
A Greenvolt ficou posicionada em terceiro lugar, com 3,18 pontos, o consórcio da Bondalti com a Brookfield obteve 2,16 pontos, a Voltalia 2,02 pontos e a EDP Renováveis ficou em último lugar, com 1,57 pontos.
O concurso avançará agora para a audiência de interessados, que permitirá a todos os concorrentes contestar a avaliação feita pelo júri em relação às diferentes propostas.
Recorde-se que a Endesa é, com 43,75%, o acionista minoritário da Tejo Energia, empresa controlada em 56,25% pela Trustenergy (joint venture da japonesa Marubeni com a francesa Engie). A Endesa e a Trustenergy desentenderam-se quanto ao futuro a dar à central do Pego, que tinha um contrato de aquisição de energia (CAE) válido até novembro de 2021.
Com o término desse CAE, a central perdeu a licença para produzir e injetar eletricidade na rede, o que determinou o fim da sua operação, e o fim da produção de eletricidade a partir de carvão em Portugal.
Enquanto a Trustenergy tinha para o Pego um projeto de continuidade assente na queima de biomassa, a Endesa entendeu que o futuro devia passar por outras fontes de energia. As duas acionistas da Tejo Energia entraram em rota de colisão e acabaram por avançar com projetos distintos para o concurso de reconversão do Pego.
Segundo as informações recolhidas pelo Expresso, o projeto da Endesa nem sequer requeria o uso da totalidade da capacidade disponível no ponto de ligação à rede, mas acabou por pontuar melhor no júri, incluindo componentes de energia eólica e solar fotovoltaica, armazenamento com baterias e produção de hidrogénio verde.
Prevendo projetos fotovoltaicos de 365 megawatts (MW) e parques eólicos de 264 MW, a proposta da Endesa implicará um investimento de várias centenas de milhões de euros (pelo menos 500 milhões de euros, atendendo a estas duas componentes do projeto e ao facto de ainda incluir baterias e produção de hidrogénio).
A informação publicada pela DGEG não entra em pormenores sobre os detalhes das várias ofertas. Um dos critérios de avaliação, por exemplo, era o número de postos de trabalho criados. Outro critério era o recurso obrigatório a fontes de energia renovável (e esse todos os concorrentes cumpriram).
O projeto classificado na segunda posição, o da Tejo Energia (Trustenergy), apresentava uma proposta que utilizaria o ponto de ligação do Pego para produzir eletricidade a partir da queima de biomassa (245 MW), mas também previa a instalação de 350 MW de energia solar fotovoltaica e 159 MW de potência eólica.
Depois da audiência de interessados, o júri irá apresentar o seu relatório final e tomar a decisão definitiva sobre o vencedor do concurso, o que deverá ocorrer até 28 de fevereiro.
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