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"Tínhamos alguma esperança de que alguém não deixasse morrer a Tupperware": como a empresa e a sua fábrica portuguesa entraram em colapso

"Tínhamos alguma esperança de que alguém não deixasse morrer a Tupperware": como a empresa e a sua fábrica portuguesa entraram em colapso
imran kadir photography/getty images

A fábrica da Tupperware em Montalvo, município de Constância, deverá encerrar esta quarta-feira, deixando cerca de 200 trabalhadores no desemprego. Apesar das várias ameaças de que a fábrica algum dia iria fechar, havia quem tivesse esperança de que “alguém não deixasse morrer a Tupperware”

A ameaça de encerramento da fábrica da Tupperware em Portugal sempre foi um tema falado entre os trabalhadores da unidade fabril, sediada em Montalvo, no concelho de Constância. “Eu andei aqui 33 anos e desde que vim para cá, quase todos os anos, diziam que isto ia fechar”, desabafou ao Expresso António Batista, antigo trabalhador da fábrica, que se reformou em julho do ano passado.

Inaugurada na década de 1980, pelo então presidente do Instituto do Investimento Estrangeiro, Alexandre Vaz Pinto, a fábrica conta atualmente com cerca de 200 trabalhadores efetivos, dependendo a 100% da casa-mãe, sediada nos Estados Unidos. O peso e a popularidade da Tupperware sempre fizeram com que os trabalhadores acreditassem que o encerramento não passaria de um mito. “Nós tínhamos alguma esperança de que alguém não deixasse morrer a Tupperware”, comentou Margarida (nome fictício), uma funcionária que trabalha na fábrica há mais de 20 anos e que preferiu não ser identificada.

O mito, contudo, passou a tornar-se mais próximo da verdade quando, em setembro,a Tupperware Brands declarou falência, depois de várias tentativas de arranjar um credor disposto a assumir a dívida de 818 milhões de dólares, 790 milhões de euros ao câmbio atual.

Para Margarida, nesse momento, houve uma falta de transparência da Tupperware para com os trabalhadores. “Havia muito falatório, mas que a casa-mãe já tinha entrado com o pedido de falência, nós só soubemos pela comunicação social”, revelou.

“Nós tivemos uma reunião, porque já havia alguns falatórios há alguns dias. Eles [os dirigentes da fábrica em Montalvo] disseram-nos que entraram em contacto com a casa-mãe e que eles disseram para não nos preocuparmos porque eram rumores. No dia seguinte, entraram com o pedido de falência. Nós ficámos em choque”, recordou.

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