No passado sábado, os portugueses estavam de fora da lista, mas na segunda-feira, a China anunciava que os portugueses deixavam de precisar de obter visto para viajar em turismo ou negócios para o país, caso a sua estadia seja igual ou inferior a 15 dias. A inclusão de Portugal na lista surgiu depois de uma visita do ministro da Economia, Pedro Reis, a Macau, a propósito do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em que admitiu ter passado a mensagem a responsáveis chineses sobre a importância desta medida.
A entrada de Portugal neste grupo é aplaudida pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) que diz ao Expresso que pode "muito positivo ao flexibilizar os processos de decisão dos empresários, muitas vezes com agendas dinâmicas que não se coadunam com requerimentos mais ou menos burocráticos, prazos e deslocações obrigatórias".
Até aqui, o tempo de espera normal para a obtenção de um visto para a China era de quatro dias úteis, sendo que todos os custos eram suportados pelos empresários. Mas, a pior parte era "toda a burocracia para se efetuar o pedido de visto, como a necessidade de uma carta convite da entidade chinesa, o preenchimento e submissão de um extenso formulário, a reunião de mais alguns documentos e, por fim, a deslocação ao centro de vistos (Lisboa)", diz a CCILC ao Expresso, concluindo que tal "representava, de facto, um entrave para os empresários".
O número de empresas portuguesas em território chinês é residual, uma vez que o grande fluxo de investimento vem no sentido inverso, da China para Portugal. Mas existem alguns exemplos de companhias nacionais que se têm aventurado em Pequim nos últimos anos, como a Delta, a Olicargo, a Elastron ou a Joinco.
“Este instrumento é muito importante para a cooperação económica, tal como assinalei durante a minha visita a Macau, por ocasião do Fórum Macau. Esta possibilidade é muito importante para as empresas e respetivas viagens de negócios, contribuindo para a internacionalização e o crescimento da nossa economia", diz o ministro da Economia, Pedro Reis, em resposta ao Expresso.
Fonte da CCILC explica que "diariamente recebemos contactos de empresas que solicitam o nosso apoio nas diferentes fases da abordagem ao mercado (...) e apostamos muito no networking via eventos com presença de delegações chinesas o que proporciona, desde logo, canais de contacto oficiais, credíveis, que podem auxiliar as empresas nos seus objetivos junto do mercado chinês. De uma forma geral, o fluxo de contactos recebidos é consistente e elevado".
Portugal junta-se à lista
No total, existem 17 países que estão nesta lista de beneficiários da medida de Pequim, cuja economia está com dificuldades em crescer ao ritmo pré-pandemia. A ideia passa agora por tentar estimular o turismo e investimento estrangeiro no país, depois de a covid-19 ter obrigado a China a um encerramento quase total das fronteiras durante um período alargado.
Em 2023, o Produto Interno Bruto da China (PIB) cresceu 4,6%, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que este ritmo abrande nos próximos anos até 2029. No ano anterior à pandemia, 2019, a economia chinesa tinha crescido 6% e este já tinha sido o número mais baixo desde 1990.
No início deste mês, a segunda maior economia do mundo anunciou a inclusão da Noruega nesta lista de países cujos cidadãos poderão permanecer no país para turismo, negócios ou trânsito durante 15 dias, isentos de visto. No final da semana passada, juntaram-se a este clube Eslovénia, Grécia, Dinamarca e Chipre.
No primeiro semestre deste ano, o número de estrangeiros que visitou a China mais do que duplicou para quase 15 milhões, o equivalente a uma subida de 153% em relação ao mesmo período de 2023, numa altura em que o Governo chinês tem tentado flexibilizar a entrada de estrangeiros. Exemplo disso é o facto das empresas WeChat e Alipay, que gerem as carteiras digitais mais utilizadas no país, abriram os seus sistemas a utilizadores estrangeiros.
Este ano, a entrada de pessoas sem visto no país aumentou 190% em relação ao ano passado, sendo que, até ao momento, foram contados 8,5 milhões de estrangeiros (que representam quase 60% de todas as viagens), segundo os dados da Administração Nacional de Imigração.