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Quem são os investidores que pagam €49 milhões (um bónus de 300%) para entrar no Benfica?

Quem são os investidores que pagam €49 milhões (um bónus de 300%) para entrar no Benfica?
Soccrates Images

Quatro empresários querem comprar a participação do presidente do grupo Valouro por 49 milhões de euros, segundo a Bloomberg. Um montante que supera em quatro vezes a real avaliação dessa posição no clube da Luz. Quem são, de onde vêm e que experiência têm no mundo do futebol?

A Lenore Sports Partners, um grupo de investimento que agrega vários investidores norte-americanos de várias áreas, desde empresas de private equity, empresários no ramo do futebol ou do setor imobiliário, pretende avançar para a compra da participação de 16,38% do empresário José António dos Santos no Benfica. Para isso está a tentar levantar 49 milhões de euros, avança a agência Bloomberg, esta sexta-feira.

Tendo em conta o fecho de sessão de quinta-feira, cada ação do Benfica valia 3,2 euros, o que avalia a participação do presidente do grupo Valouro em pouco mais de 12 milhões de euros. Uma proposta de 49 milhões representa uma avaliação mais de quatro vezes superior, que coloca o Benfica nos 300 milhões de euros (quando, tendo em conta o número de títulos em circulação e o seu preço, é de 73,6 milhões). As ações dos encarnados dispararam 12,5% esta sexta-feira e fecharam nos 3,6 euros.

Mas, afinal, quem são os homens que querem ser donos de uma parte do Benfica?

Passagens pelo Nice, Norwich e basebol

Este grupo de investidores tem quatro sócios. Um deles pertence ao fundo norte-americano Crescent Capital, com sede em Los Angeles, na Califórnia. Jean-Marc Chapus é um dos sócios e fundadores desta empresa que agora olha com bons olhos para o clube da Luz.

Chapus tem outros investimentos ligados ao deporto, em nome individual e não através da Crescent Capital, como a participação na equipa de basebol norte-americana, os Milwaukee Brewers, e outra fatia nos ingleses do Norwich City FC, que atualmente militam na segunda divisão inglesa.

Já em junho deste ano, a Sportico, uma página especializada em finanças desportivas, tinha avançado com o interesse de Chapus no clube da Luz, para a compra de 25%. Na altura, o seu sócio seria Mark Attanasio, outro dos fundadores da Crescent Capital, e que, para além de ter também uma participação no Norwich, faz parte dos membros da direção do clube. Mas, na altura, o Benfica disse que não havia quaisquer negociações, segundo o Record.

Outro dos membros da Lenore Sports Partners é Elliot Hayes, antigo membro da direção do Nice, após se ter juntado a um consórcio de empresários chineses e norte-americanos para adquirirem 80% do clube da capital da Côte d'Azur, em 2016.

Três anos depois, esta participação foi vendida à gigante britânica INEOS, da indústria química, fundada pelo multimilionário Jim Ratcliffe, que já este ano adquiriu uma participação de 25% no Manchester United. Agora, Ratcliffe tenta encontrar novo dono para os franceses, porque as regras da UEFA proíbem que dois clubes com o mesmo acionista maioritário possam competir na mesma competição.

No currículo, Hayes - que se licenciou em Finanças no Boston College, nos EUA, e fez um MBA na Harvard Business School - tem apenas essa experiência de três anos no mundo do futebol, sendo que é no setor financeiro que tem acumulado passagens.

O terceiro membro desta parceria para comprar a participação no Benfica é Omar Imtiaz, dos Emirados Árabes Unidos, um empresário ligado ao ramo do imobiliário, mas que tem uma carteira diversificada de negócios. É, desde 2023, um dos membros da direção do Fórum Mundial do Turismo e é presidente da empresa que fundou, chamada Imtiaz Holdings.

Conhece bem Elliot Hayes, uma vez que também ele foi parte do consórcio que adquiriu o Nice, sendo acionista e membro da direção, entre 2016 e 2019. Antes trabalhou também como diretor na Abu Dhabi Capital Partners.

O último membro da Lenore Sports Partners é Alex Pomeroy, o único dos quatro sem passado ligado a clubes de futebol. O norte-americano é sócio da Quail Hill Holdings, com sede em Dallas, com foco no setor imobiliário.

Os negócios antigos de José António dos Santos

Em 2022, já o empresário norte-americano John Textor tinha tentado adquirir a posição de José António dos Santos, também conhecido como "Rei dos Frangos". O empresário português ia adquirir a participação dos minoritários para depois a vender a Textor. Mas o negócio, que iria fazer com que o empresário dos EUA ficasse com 25% do clube encarnado, acabou por cair por terra.

Na altura, John Textor saiu de cena e comprou antes uma participação dos franceses do Lyon e nos brasileiros do Botafogo.

José António dos Santos detém 13,67% do Benfica e o Grupo Valouro, a sua empresa, tem uma posição de 2,71%, o que perfaz a fatia conjunta de 16,38% que a Lenore pretende comprar. A restante estrutura acionista do Benfica pertence ao ex-presidente Luís Filipe Vieira (3,28%), sendo que esta percentagem é atribuível ao Benfica, que tem direito de preferência sobre as ações. Ou seja, se Vieira quiser vender, o Benfica tem de autorizar. A maioria do capital está dentro de portas: Sport Lisboa e Benfica - Futebol (40%) e Sport Lisboa e Benfica SGPS (23,65%).

O Expresso tentou contactar José António dos Santos, mas sem sucesso. O advogado André Mateus, sócio do escritório Lexa, de Torres Vedras, disse não prestar qualquer declaração sobre o tema.

Em Portugal, também o norte-americano David Blitzer, com uma fortuna avaliada em cerca de 3 mil milhões de euros, é dono da maioria do capital do Estoril Praia (84,5%).

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: galmeida@expresso.impresa.pt

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