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Supervisor na Alemanha afirma que auditorias da EY à Wirecard foram negligentes

No final de junho, a Wirecard admitiu que 1,9 milhões de euros afinal não existiam nas suas contas.
No final de junho, a Wirecard admitiu que 1,9 milhões de euros afinal não existiam nas suas contas.
Wolfgang Rattay

Conselho de Supervisão dos Auditores da Alemanha admite que houve negligência, mas não uma intenção criminosa, na conduta da EY na sua auditoria à falida Wirecard

O Conselho de Supervisão dos Auditores (APAS, na sigla alemã) considerou que as auditorias da empresa de consultoria EY à tecnológica de serviços financeiros Wirecard foram “no mínimo” negligentes e, em alguns casos, “gravemente” negligentes. Contudo, não estabeleceu uma intenção criminosa na conduta da EY. A ausência de intenção criminosa significa que a EY enfrenta responsabilidade limitada em casos civis, com possíveis danos limitados a 4 milhões de euros.

Segundo as fontes citadas pelo Financial Times, a EY terá ficado “bastante satisfeita” com a decisão. Esta conclusão terá sido uma das razões pelas quais a EY desistiu, em março passado, de um recurso de uma coima de 500 mil euros e da proibição de aceitar auditar clientes cotados na Alemanha, imposta apela APAS.

A Wirecard foi uma das startups mais bem-sucedidas da Alemanha. Contudo, em 2020 declarou insolvência depois de revelar que parte das suas receitas e lucros tinham sido falsificados. A fraude resultou num prejuízo de 1,9 mil milhões de euros e na detenção de Markus Braun, o presidente executivo entre 2002 e 2020.

Em 2021, um inquérito do parlamento alemão concluiu que a EY não tinha detetado sinais de risco de fraude, não tinha seguido orientações profissionais e tinha confiado nas garantias verbais dos executivos da Wirecard sem a devida verificação.

Em resposta às descobertas do regulador, a EY expressou arrependimento por não ter descoberto a fraude mais cedo, reconhecendo as deficiências da sua auditoria às contas da Wirecard. Os procuradores responsáveis pelo caso já abriram investigações, que ainda estão em curso, aos antigos e atuais sócios da EY envolvidos nas auditorias.

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