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Ryanair acusa ANA de "ser um monopólio fora de controlo" e faz queixa da easyJet em Bruxelas

Michael O´Leary, presidente da Ryanair, defende a urgência de construir o Montijo
Michael O´Leary, presidente da Ryanair, defende a urgência de construir o Montijo
Antonio Pedro Ferreira

Presidente da Ryanair dispara em todas as direções: tece duras críticas à política de Concorrência europeia de Margrethe Vestager e queixa-se das taxas aeroportuárias. Michael O´Leary considera ainda que o "monopólio da ANA está fora de controlo" e defende que a situação só mudará se o Estado português construir um aeroporto no Montijo e o retirar à concessionaria, fazendo concorrência à Portela

Ryanair acusa ANA de "ser um monopólio fora de controlo" e faz queixa da easyJet em Bruxelas

Anabela Campos

Jornalista

O presidente da Ryanair, Michael O’Leary, esteve esta quarta-feira, numa conferência de imprensa, em Lisboa, para anunciar 14 novas rotas para o verão - a maioria no Porto e em Faro -, e voltar a insistir na ideia de que o Estado português avance “imediatamente” com o aeroporto do Montijo “para acabar com o monopólio das taxas altas da ANA em Lisboa para sempre”.

Numa conferência de imprensa onde lamentou a escassez de espaço no Aeroporto Humberto Delgado, O´Leary afirmou ainda que avançou com um queixa em Bruxelas contra a easyJet, alegando que esta não está a usar os 18 slots que lhe foram atribuídos na sequência do plano de reestruturação. Uma queixa que diz ter sido feita em outubro e reforçada em dezembro.

“A EasyJet não está a utilizar os slots de Lisboa. As autoridades europeias da concorrência atribuíram-nas incorretamente. Apresentámos agora uma segunda queixa à União Europeia pelo facto de a EasyJet não utilizar essas faixas horárias”, avançou.

Foram duras as críticas à ANA a quem acusa de "ser um monopólio fora de controlo". "Infelizmente as altas taxas [aeroportuárias] do monopólio da ANA estão a forçar companhias aéreas como a Ryanair a reduzir voos regionais de e para Portugal”, afirmou O´Leary, apontando o dedo à concessionária dos aeroportos portugueses, a Vinci, empresa francesa que controla a ANA.

Salientou que a queixa face ao aumento das taxas aeroportuárias - 12,45% em média em 2024 - é comum a todas as companhias, TAP incluída. "O aeroporto de Lisboa precisa de concorrência", afirmou, questionando o facto de o regulador, a ANAC, ter permitido esta elevada subida das taxas, "muito acima da inflação" e penalizadores do turismo.


"O monopólio da ANA está a prejudicar o turismo português e a recuperação do emprego. Mas, como não têm concorrência, continuam a safar-se", defendeu. E acrescentou: "Consideramos espantoso e inacreditável que a entidade reguladora portuguesa não tenha obrigado a ANA a recuar nestes aumentos de custos, que estão a prejudicar o tráfego e o turismo português".

O empresário, presidente e acionista da Ryanair, afirmou inclusive que uma das razões pela qual fechou a base de Ponta Delgada no inverno, retirando um avião da capital açoriana, foi as taxas aeroportuárias. "Perdemos muito dinheiro em Ponte Delgada", frisou. Quanto? Não disse.


Montijo a concorrer com Lisboa e fora do controlo da ANA

“Exigimos que o Governo português abra imediatamente o aeroporto do Montijo para acabar com o monopólio de taxas altas da ANA em Lisboa para sempre”, frisa. O´Leary é um defensor da opção Montijo desde sempre, diz não entender a razão pela qual o Estado português não faz, já que é perto de Lisboa e tem vias de acesso já feitas.

"Parem de fazer estudos, construam Montijo. O Montijo tem a capacidade para crescer. É uma solução que está à mão", exortou. E afirmou que construir um aeroporto no Montijo não demorar mais do que um ano a um ano e meio.


"É mentira que não haja slots para crescer. Podem e devem ser disponibilizadas mais faixas horárias, reduzindo a farsa que foi a afirmação de que os terminais estão cheios. Não estão. Vamos ter duas novas rotas em Lisboa este ano", afirmou. O aeroporto de Lisboa, "está a ser gerido para proteger a TAP da concorrência", defendeu.

O´Leary salientou que a Ryanair teve esta quarta-feira "outra gloriosa vitória" no Tribunal de Justiça da União Europeia de Estrasburgo contra as ajudas de Estado à KLM, durante a pandemia. O Tribunal da UE anulou a aprovação do auxílio de Estado dos Países Baixos no valor de 3.400 milhões de euros a favor da companhia do grupo Air France/KLM. É um acordão feito na sequência de uma queixa da Ryanair.

"Estas pessoas são incompetentes", frisou, sublinhando que se referia à Direção Geral da Concorrência da União Europeia. "Margrethe Vestager e as pessoas que lidera deviam demitir-se ou ser despedidos por incompetência. São incapazes de supervisionar as regras europeias da concorrência", afirmou.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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