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Hungria quer ser o centro de produção de baterias da Europa

Viktor Orbán
Viktor Orbán
JOHANNA GERON/Getty Images

Orban vai ter na Hungria a maior fábrica da Europa de produção de baterias para veículos elétricos, mas não sem enfrentar os críticos que se preocupam com a perda de terras agrícolas, a pressão sobre os recursos hídricos e energéticos e até com a eliminação de baterias usadas

Está prestes a nascer na Hungria a maior fábrica da Europa de produção de baterias para veículos elétricos, mais precisamente junto a campos de milho e girassóis, perto da cidade de Debrecen, onde já se veem trabalhadores a colocar cimento das fundações da futura instalação, escreve a “Bloomberg”.

O projecto é do tamanho de um aeroporto e pertence à chinesa Contemporary Amperex Technology. É o ‘sonho’ do primeiro-ministro Viktor Orban, com um custo de 20 mil milhões de euros. Orban diz que o investimento vai permitir à economia húngara prosperar a partir da transição verde da Europa.

Contudo, o plano já foi criticado por ativistas ambientais, líderes comunitários e opositores políticos, que afirmam haver um custo que está a ser ignorado. As preocupações dos críticos vão desde a perda de terras agrícolas de primeira qualidade até à pressão sobre os recursos hídricos e energéticos e questões relacionadas com a eliminação de baterias usadas e ainda referem os potenciais acidentes nas fábricas.

As reuniões municipais onde ocorrem os diversos projetos ligados a baterias têm-se transformado em gritos, segundo o jornal. Desde então, o governo húngaro alterou as leis para não exigir mais consultas presenciais.

“Ninguém nos perguntou se queríamos esta fábrica”, disse Zoltan Timar, autarca em Mikepercs. “Isto pode fazer parte da transição verde, mas localmente o que vemos é que trabalharão com substâncias perigosas. As pessoas estão com medo”, acrescentou.

A CATL afirma que sabe o que está a fazer e que com a sua experiência garante que nenhuma poluição vai ser libertada no ar ou na água. A empresa também disse que gostaria de trabalhar com as autoridades locais para evitar possível contaminação fora da fábrica.

No entanto, o medo referido pelo autarca é partilhado por todas as comunidades na Hungria, com base em mais de uma dúzia de entrevistas com residentes, autoridades e grupos ambientalistas, sendo que dificilmente um canto do país ficou de alguma forma intocado pelo 'boom' das baterias.

Mas Orban parece ignorar. Prevê-se que a Hungria se torne o quarto maior produtor mundial de baterias, depois da China, dos Estados Unidos e da Alemanha, segundo dados da BloombergNEF. O país conta atualmente com seis fábricas de baterias que já estão em produção ou em processo de construção.

Aliás, Orban tem insistido na narrativa de reanimação da economia húngara e que a população precisa de apoiar o seu plano. O ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, responsável por estes investimentos, caracterizou estas fábricas como o “seguro de vida” da Hungria.

Em Debrecen estão a ser construídas estações de monitorização do ar e da água para a deteção precoce de qualquer potencial contaminação, uma medida que o CATL disse que acolhe com satisfação.

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