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Sindicatos pedem investigação aos negócios da Altice com os todos os fornecedores

Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice Portugal
Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice Portugal

Com o cofundador da Altice, Armando Pereira, e altos quadros da operadora em Portugal sob investigação, os sindicatos da Frente Sindical apelam a que se faça uma auditoria a todos grandes fornecedores, e a áreas como as obras, manutenção de edifícios e eletricidade. Gestão reúne-se com sindicatos ao fim do dia

Sindicatos pedem investigação aos negócios da Altice com os todos os fornecedores

Anabela Campos

Jornalista

A Altice Portugal avançou na sexta-feira que irá fazer uma investigação interna aos processos de compras e à transação de imóveis da Altice Portugal, tendo também suspendido o pagamento às entidades visadas pela investigação e sido impedidas novas ordens de compra a estas entidades. Os sindicatos da Frente Sindical na Altice estavam já a equacionar avançar com um pedido de reunião à presidente da operadora, Ana Figueiredo, para pedir esclarecimentos e informações sobre o inquérito interno em curso, mas ao que soube o Expresso foi a própria empresa que decidiu marcar para o fim do dia de hoje uma reunião com todos os sindicatos da empresa e com a Comissão de Trabalhadores.

A Frente Sindical quer saber quem irá fazer a investigação interna e como. E pede que sejam investigados os negócios com os fornecedores para os trabalhos na área técnica, que incluem empresas como a Visabeira, a Sudtel e Tnord.

Os sindicatos vão pedir também à administração da Altice Portugal que faça uma auditoria aos fornecedores que fazem as obras nos edifícios, nomeadamente conservação e remodelação da rede de lojas, a cargo da Tirion, e ainda aos fornecedores de eletricidade e ar condicionado.

A Sudtel e a Tnord são empresas do universo do grupo Altice, tendo esta cerca de 70% do capital, e estando os restantes 30% nas mãos de minoritários.

A posição dos sindicatos surge no mesmo dia em que a Altice Portugal anunciou a suspensão de funções de Alexandre Fonseca, ex-presidente executivo da empresa, e a desempenhar cargos noutras empresas do grupo francês, devido à investigação do Ministério Público, que abrange os atos de altos quadros da operadora, incluindo o antigo CEO.

A empresa liderada por Ana Figueiredo avançou na sexta-feira, em comunicado, que o "grupo Altice já deu início a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da Altice Portugal, bem como de todo o grupo Altice". Mas os sindicatos querem que sejam todos os grandes negócios com os fornecedores e não apenas estes.

Sob investigação do Ministério Público, numa operação a que deu o nome "Operação Picoas", estão suspeitas de corrupção e da existência de esquema fraudulento, que de acordo com a SIC terá lesado a Altice em vários milhões de euros, podendo estar em causa ganhos ilícitos superiores a 250 milhões de euros. Estará também sob investigação a simulação de negócios imobiliários e a ocultação de proveitos na alienação de património, incluindo imóveis da antiga PT. Um dos negócios agora investigados envolve a venda de quatro prédios, em Lisboa, por 15 milhões de euros.

Um representante da Frente Sindical disse ao Expresso que “está muito preocupado com a repercussão que estes eventos podem vir a ter na reputação na empresa”, e lamenta que os trabalhadores que fazem da Altice venham a sofrer com isso.

Em comunicado, a Altice esclareceu então que, com efeito imediato, e "até nova ordem, o grupo Altice pediu às sociedades participadas que suspendam qualquer pagamento às entidades visadas pela investigação"; "suspendam qualquer nova ordem de compra (individual ou parte de um contrato principal) com estas entidades".

Foi determinado também o reforço "do processo de aprovação do grupo relativamente a qualquer ordem de compra".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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