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Empresas europeias podem perder até 275 mil milhões de euros por ano com o tempo gasto a recuperar pagamentos em atraso

Empresas europeias podem perder até 275 mil milhões de euros por ano com o tempo gasto a recuperar pagamentos em atraso
Marko Geber/Getty Images

As empresas europeias passam mais de um quarto do ano de trabalho atrás de pagamentos em atraso, o que pode custar €275 mil milhões, segundo um estudo da Intrum. Banca e serviços financeiros são os setores mais afetados

De acordo com o estudo anual “European Payment Report”, da Intrum, empresa responsável pela gestão de cobranças e recuperação de créditos, as empresas europeias passam mais de 74 dias por ano, mais de um quarto do ano de trabalho (que conta apenas os dias úteis), atrás de pagamentos em atraso, segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira. Em Portugal perde-se mais tempo que a média.

O estudo, que teve em conta as opiniões de mais de 10 mil empresas de 29 países europeus, conclui que “o tempo despendido na recuperação dos atrasos de pagamento por parte das empresas europeias representa um custo de 275 mil milhões de euros”, um valor que supera, por exemplo, a totalidade do Produto Interno Bruto da Finlândia (272 mil milhões de euros).

E em Portugal as empresas são das que mais tempo perdem a ir atrás dos pagamentos. Mais precisamente, 81% das empresas portuguesas consomem mais de cinco horas semanais em processos de recuperação de pagamentos em atraso e apenas 6% gasta menos de duas horas semanais nesta atividade.

Mas é na Finlândia onde mais se perde tempo com este procedimento: 51% diz gastar mais de 10 horas por semana. Neste país, 8% das empresas diz gastar mais de 20 horas por semana atrás de pagamentos em atraso.

Os gastos podem acabar por ser maiores se tivermos em conta que algumas destas empresas acabam por ir para tribunal para recuperar os pagamentos. De acordo com o estudo, 58% das empresas europeias intentam ações judiciais para receber os seus créditos, enquanto 34% tem processos internos claros de recuperação de dívidas. Contudo, “entre as empresas que dedicam mais de dez horas por semana atrás de valores vencidos, estes números caem para 53% e 28%, respetivamente”.

“Os atrasos de pagamento sempre afetaram as empresas, mas o que antes era um inconveniente agora tornou-se numa prioridade principal da agenda de gestão. Muitas empresas admitem que os recursos que atualmente se gastam na recuperação de pagamentos em atraso poderiam ser redistribuídos para crescer, investir em transformação digital e inovação, contratação e requalificação e expansão geográfica, mas no curto prazo isso simplesmente não é possível”, diz, citado na nota, Andrés Rubio, presidente da Intrum.

Banca e serviços gastam mais tempo a cobrar pagamentos atrasados

Segundo o estudo da Intrum, a banca e os serviços financeiros são os setores onde se perde mais tempo a cobrar atrasos de pagamento, “com 45% das empresas inquiridas neste setor a responder que gastam pelo menos dez horas a fazê-lo”. Não muito atrás, mais de 40% das empresas de serviços empresariais, setor público e extração mineira dizem gastar mais de 10 horas neste procedimento.

Por outro lado, 29% das empresas de hotelaria e lazer perde menos de duas horas por semana a ir atrás de pagamentos. Neste setor também se encontra a “menor percentagem de entrevistados que gastam dez horas ou mais nesse esforço".

A Intrum destaca que, estes esforços podem ser um indicador dos recursos (ou falta deles) que as empresas têm disponíveis para gastar nesta atividade.

O estudo indica ainda que 82% das empresas que operam na banca e serviços financeiros e em outros serviços “referem que os atrasos de pagamento são um problema”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: rrrosa@expresso.impresa.pt

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