Empresas

Comissão de Trabalhadores da TAP exige devolução de 500 mil euros

Comissão de Trabalhadores da TAP exige devolução de 500 mil euros
PATRICIA DE MELO MOREIRA

Comissão de Trabalhadores diz que os 500 mil euros de indemnização teriam sido "muito mais bem empregues" para antecipar o fim dos cortes salariais. Exige reintegração dos trabalhadores despedidos e um travão na privatização

A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP disse hoje que os 500 mil euros de indemnização pagos a Alexandra Reis teriam sido "muito mais bem empregues" para antecipar o fim dos cortes salariais e exigiu a devolução do valor.

Num comunicado, a CT indicou criticou os "500 mil euros de imoralidade e falta de bom senso por parte dos decisores", considerando que "foi isto que aconteceu com o pagamento daquele valor à administradora demissionária da TAP Alexandra Reis".

"Como é que esta senhora que liderou os despedimentos, que tinha pleno conhecimento da deficitária situação financeira da empresa, e da aplicação de cortes salariais aos trabalhadores, teve a coragem e a sem vergonha de aceitar este pagamento", questionou a CT, perguntando ainda "como é que a Administração da TAP, mais do que conhecedora da situação da empresa, se disponibilizou a fazer tal pagamento, e como é que o Governo acionista maioritário permite este tipo de práticas características dos grupos económicos privados".

"Mesmo agora, depois da queda de secretários de Estado entre os quais a visada senhora e do ministro da tutela, o assunto não fica encerrado", considera a CT, salientando que isso não acontecerá "enquanto não forem resolvidos os problemas da TAP e dos seus trabalhadores" e "enquanto a administração não assumir as consequências que resultaram da sua falta de bom senso", recordando que se trata "de uma empresa intervencionada pelo Estado português, financiada por dinheiros públicos, sujeita a um plano de reestruturação que implicou o despedimento de milhares de trabalhadores e continua a implicar cortes salariais".

"Assim, por mais explicações que sejam pedidas e dadas por mais investigações e inquéritos que sejam feitos nunca entenderemos este pagamento feito por uma parte, nem a sua aceitação pela outra parte", salientou a CT.

A entidade realçou depois que "estes 500 mil euros teriam sido muito mais bem empregues se tivessem sido utilizados para, por exemplo, antecipar o fim dos cortes salariais".

A CT exigiu por fim que "os problemas dos trabalhadores da TAP sejam resolvidos com a reintegração dos trabalhadores despedidos" com "a reposição dos direitos cortados e o fim do ataque à contratação coletiva" bem como "a devolução dos 500 mil euros, com a assunção por parte da Administração da TAP de todas as consequências advindas desta triste decisão".

"Também é urgente travar o caminho de destruição da TAP levado a cabo pela Administração com vista à privatização, o que implicará a perda de soberania e de uma empresa estratégica para o desenvolvimento do país, com as inevitáveis consequências negativas para os trabalhadores", rematou.

A presidente executiva da TAP vai ser ouvida no parlamento na próxima quarta-feira, na sequência do requerimento potestativo (de caráter obrigatório) apresentado pelo Chega, para dar explicações sobre a indemnização paga à antiga secretária de Estado.

Na quarta-feira, num debate parlamentar, o primeiro-ministro considerou que a ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis violou o estatuto do gestor público quando foi nomeada para a Navegação Aérea de Portugal (NAV) e não devolveu parte da indemnização que tinha recebido da TAP.

ALYN (FM) // JNM

Lusa/Fim

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate