Sonae, Nestlé, SAP e mais de meia centena de outras empresas estão juntas na versão portuguesa de um projeto europeu que tem como foco requalificar trabalhadores
Jornalista
Chama-se Pro_Mov e é um projeto português liderado pela Sonae, Nestlé e SAP, a que se juntou o Estado, para acelerar a requalificação de trabalhadores. E já é apontado como “um exemplo internacional” na missão de garantir aos candidatos as competências para os empregos do futuro, num mercado de trabalho em alteração devido às transições digital e ambiental.
Esta quinta-feira este programa de requalificação profissional para os empregos de futuro assinala a parceria entre Estado e mais de 50 empresas e associações, com o objetivo de melhorar as qualificações dos portugueses. O memorando de entendimento que dá o mote à divulgação do projeto é assinado pelo IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional, Sonae, SAP, Nestlé, BRP – Associação Business Roundtable Portugal e CIP.
Estas entidades “juntam-se na intenção de garantir uma empregabilidade superior a 75% aos formandos em situação de desemprego”, afirma o comunicado de divulgação da iniciativa, adiantando que a este grupo se associam empresas parceiras, que terão um papel fundamental em cada um dos sete laboratórios de formação já criados com uma oferta de 14 cursos e 21 turmas a funcionar em 13 regiões do país.
O projeto integra-se no programa europeu R4E – Reskilling 4 Employment, criado pelo ERT - European Roundtable for Industry, um fórum que reúne 60 presidentes de empresas europeias, com base em estimativas que apontam para a necessidade de requalificar cerca de 20 milhões de europeus até 2030, sem esquecer que atualmente existem mais de 5 milhões de vagas de emprego por preencher e 11 milhões de desempregados há mais de seis meses.
“A ambição do R4E é ajudar na requalificação de um milhão de europeus até 2025”, adianta o comunicado que antecede a assinatura do memorando, esta tarde, por membros do Governo e líderes empresariais.
Neste 2023, ano classificado pela Comissão Europeia como ano Europeu das Competências, os promotores do Pro_Mov referem o estudo ‘O Futuro do Trabalho em Portugal: O imperativo da requalificação’, da Nova SBE, em colaboração com a CIP, que aponta para a extinção de 1,1 milhões de postos de trabalho até 2030 em Portugal devido à automatização das tarefas. Mais: entre 700 mil e 1,8 milhões de trabalhadores (15% a 42% do total) vão ser obrigados a mudar de ocupação e/ou adquirir novas competências.
“A requalificação profissional para os empregos de futuro é estratégica para o crescimento e desenvolvimento do País. Conferir mais e melhores competências aos portugueses é uma mais-valia para todos: Estado, empresas e pessoas. O Pro_Mov está já a permitir aos seus participantes abrir novas perspetivas de carreira", sustenta João Gunther Amaral, administrador executivo da Sonae e líder do conselho coordenador do programa, certo de que permite, também, aos participantes, "ambicionar melhores salários e qualidade de vida”.
Para os desempregados, apresenta-se como “uma oportunidade de regressar ao mercado de trabalho, com perspetivas de um emprego estável” por estar em causa formação em profissões necessárias e identificadas pelas empresas, centradas em sete sectores de atividade, tratados em outros tantos laboratórios: laboratório de indústria (liderado pela Nestlé), de agricultura (liderado pela Sogrape), digital (liderado pela SAP), de empregos verdes (liderado pela EDP), de vendas (liderado pela Delta), de saúde (liderado pela CUF e Hovione) e de business intelligence (liderado pela Worten).
Cada um destes laboratórios desenha as formações em colaboração com um conjunto alargado de empresas parceiras, em áreas e funções tão diversas como software, eletricista de instalações sustentáveis, cibersegurança auxiliar de ação médica, técnico analista na área da saúde, assistente especializado de contact center ou operador agrícola especializado.
O IEFP, responsável pela execução da política de emprego e formação profissional definida pelo Governo, que visa promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego, considera o Pro_Mov "um bom exemplo da parceria entre o setor público e as empresas na medida em que estes programas de requalificação permitem, em tempo útil, ajustar as qualificações e competências das pessoas às necessidades das empresas”, diz o presidente do Conselho Diretivo, Domingos Lopes.
A Associação BRP representa atualmente 41 dos maiores grupos empresariais em Portugal, que geram receitas anuais de 124 mil milhões de euros, empregam 424 mil pessoas, pagam em média no país o dobro do salário médio do setor privado e investem mais de 10 mil milhões de euros, “encontrando-se, por isso, numa situação privilegiada para apoiar o desenvolvimento dos portugueses”, afirma o comunicado.
“A responsabilidade que hoje formalizamos publicamente representa um forte compromisso do tecido empresarial nacional, em particular dos nossos associados e empresas externas que trouxemos para o programa, nos portugueses, mas também no País, pois só com pessoas mais qualificadas e realizadas conseguiremos ultrapassar os desafios do mercado de trabalho e alcançar os níveis de crescimento, remuneração e bem-estar social que todos tanto desejamos”, afirma Vasco de Mello, presidente da Associação BRP.
A CIP, que tem como missão a defesa do tecido empresarial nacional e representa atualmente mais de 150.000 empresas que no conjunto empregam 1,8 milhões de trabalhadores e são responsáveis por um volume total de negócios correspondente a 71% do PIB nacional, associa-se ao Pro_Mov por acreditar que contribui para um maior alinhamento da procura versus oferta de competências, promove a reintegração dos portugueses no mercado de trabalho "e constitui-se ainda como um excelente exemplo de associativismo empresarial”, sublinha Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal.
Criado em dezembro de 2021, apesar de o memorando só agora ser assinado, o Pro_Mov já contribuiu para a melhoria das qualificações de mais de três centenas de profissionais, 177 dos quais estão atualmente em formação depois de concluídos os três primeiros cursos: Eletromecânica e Manutenção Industrial, Operador Agrícola Especializado e Health Care (cuidados de saúde).
Entre as empresas que já se juntaram ao projeto como parceiras estão Adega Mayor, Altice, Amorim, ATM, Aveleda, BA Glass, Bondalti, Bosch, BPI, CIN, CLIP, Cotesi, CTT, CUF, Delta, EDP, Endesa, Esporão, Etsa, Experis, Faurecia, Fidelidade, Fundação Eugénio Almeida, Galp Energia, Greenvolt, Hovione, IKEA, MC Sonae, Meivcore, Millennium BCP, Nors, Pestana, Proef, Salvador Caetano, Santander, Secil, Simoldes, Sodecia, Sogrape, Solverde, Sonae Arauco, Sovena, Sugal, Symington, TDGI, The Fladgate Partnership, Três60 e Worten.
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