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Hotéis e restaurantes contratam cada vez mais imigrantes: “Em atendimento à mesa é quase impossível ter só pessoas a falar português”

No Algarve, os imigrantes já assumem um peso de 30% a 40% da força de trabalho nos hotéis, ajudando a suprir faltas de mão-de-obra
No Algarve, os imigrantes já assumem um peso de 30% a 40% da força de trabalho nos hotéis, ajudando a suprir faltas de mão-de-obra
Maxwell Jayes/Unsplash

Brasileiros ou nepaleses são predominantes nas contratações de pessoal para a época alta, que este ano começaram mais cedo nos hotéis. Muitos grupos estão a dar formação e a ensinar português aos trabalhadores que vêm de fora e não falam a língua

Os hotéis começaram a contratar pessoal para a época alta mais cedo do que é habitual, e muitos já o fizeram em dezembro ou janeiro para salvaguardar o período de pico, que começa na Páscoa (com a Semana Santa já a 23 de março, coincidindo com as férias escolares). Apesar da cautela em antecipar novos recordes para 2024, devido à conjuntura internacional incerta, os grupos hoteleiros estão de forma geral com as reservas acima do ano passado, e uma das suas preocupações é ter trabalhadores suficientes para atender a procura forte de turistas que é esperada.

“Continuamos a precisar de mão de obra, mas não de forma tão acentuada como em 2022, no pós-pandemia”, adianta ao Expresso Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), constatando que o crónico problema de falta de pessoal no sector “tem vindo a ser suprido de forma crescente com trabalhadores imigrantes, felizmente para Portugal”.

Na restauração, o cenário é idêntico. “A contratação de trabalhadores imigrantes tem sido uma constante cada vez mais evidente nas nossas atividades”, refere Ana Jacinto, secretária-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), lembrando que “o canal Horeca (acrónimo de hotéis, restaurantes e cafés) é um dos maiores empregadores a nível nacional, e a mão de obra imigrante tem sido essencial para preencher a escassez que se verifica em determinadas categorias, como cozinheiros, empregados de mesa e pessoal de limpeza”.

Brasil, Nepal, Índia, Bangladesh ou Cabo Verde são as principais origens dos imigrantes que estão a chegar a Portugal, onde o número de trabalhadores de fora quintuplicou nos últimos oito anos, passando de um peso de 3% para 15% entre 2015 e 2023, em que totalizou 720 mil estrangeiros com contrato declarado à Segurança Social (dos quais 115 mil no sector do turismo), segundo frisa o presidente da AHP.

“As contribuições pagas por imigrantes à Segurança Social ultrapassaram 2 mil milhões de euros, representando 10% do total, quando em 2015 se situavam em 2%”, realça Bernardo Trindade, que também é administrador de um grupo hoteleiro (Porto Bay), onde o peso de trabalhadores imigrantes atinge 40% no Algarve.

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