Novo centro de congressos de Lisboa promete trazer “40 Web Summits por ano”

Já está em marcha o projeto de expansão da FIL no Parque das Nações que vai permitir a Lisboa ter "o maior centro de congressos da Europa" e que envolve investimentos de €150 milhões para triplicar as atuais instalações em 10 anos, segundo a Fundação AIP. O anúncio da "nova FIL" foi feito esta quarta-feira por Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP (proprietária da FIL), na inauguração oficial da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). O novo centro de congressos propõe-se trazer por ano a Lisboa cerca de 40 eventos com a dimensão da Web Summit, segundo a Fundação AIP.

O projeto envolve intervenções nos atuais pavilhões da FIL, na Praça Sony e também uma ligação ao pavilhão Altice Arena. Numa primeira fase, até 2020, a atual área expositiva de 41 mil metros quadrados vai passar a 78 mil metros quadrados - designadamente com o alargamento dos atuais quatro pavilhões aproveitando-se os espaços intersticiais, além da construção de um piso superior para auditórios. Numa segunda fase, o espaço da FIL vai totalizar 110 mil metros quadrados de área expositiva, envolvendo já construção de um novo edifício na atual Praça Sony. O projeto pode vir a incluír a construção de um novo hotel, mas que "será da responsabilidade de outro investidor".

"O maior auditório que temos atualmente dá para 1600 pessoas, e vai ser alargado para 5 mil com capacidade de alargamento para mais 4 mil pessoas. E vamos fazer um piso por cima que vai ter uma sala que dá para 10 mil pessoas em plateia e pode ser dividida em duas ou três", explicou Rocha de Matos ao Expresso, frisando que os congressos "têm uma configuração muito diferenciada" e as novas instalações foram pensadas para dar resposta a eventos e feiras de grande dimensão.

Primeiras obras já para a Web Summit em 2019

Por estudar, está ainda o modelo de financiamento da novo centro de congressos, o que também envolve as negociações do Estado e da câmara de Lisboa com a Web Summit para garantir o evento por mais 10 anos e com um espaço de maior dimensão.

"O nosso projeto é para ser realizado em 10 anos, começando em 2019 e para ser desenvolvido de forma progressiva até lá", refere o presidente da Fundação AIP, adiantando haver margem para "ajustamentos nos nossos objetivos temporais, tendo em conta o interesse nacional, e que a negociação com a Web Summit teve como pressuposto a oferta maior de instalações para o evento poder crescer em Lisboa".

Rocha de Matos frisa que "se encurtarmos o prazo de 10 anos por exemplo para cinco, teremos de ter um acréscimo de contribuição ao nível do financiamento, e isso vai depender de um processo negociar que ainda não está fechado".

Certo é que, segundo garante Rocha de Matos, na próxima edição da Web Summit em novembro de 2019 "já vamos ter alguma oferta acrescida relativamente à que temos atualmente".

Gerar um acréscimo de meio milhão de turistas de negócios por ano com esta infra-estrutura, e trazer a Lisboa grandes congressos médicos ou de outras áreas, além da Web Summit, é a meta dos próprietários da FIL. "O nosso projeto de expansão da FIL tem a Web Summitt como 'trigger', mas o nosso objetivo é atraír a Lisboa 38 a 40 eventos com dimensão equivalente à Web Summitt durante o ano", adiantou ao Expresso o presidente da Fundação AIP.

"Fizemos o teste das futuras instalações junto de grandes congressos internacionais que nos solicitaram para este efeito, e concluímos que podemos ter 32 mil pessoas em simultâneo. Estamos a falar de congressos que foram efetivamente testados e tendo em conta as necessidades reais dos operadores", frisa Carlos Brasão, vice-presidente da Fundação AIP, lembrando que muitos eventos têm uma série de ações a decorrer em paralelo em vários espaços, como é o caso da própria Web Summit, permitindo por isso albergar ao todo um número maior de pessoas.

Há muito tempo que estava programada a expansão da FIL com vista a ter um grande centro de congressos em Lisboa. "Quando surgiu a Expo 98 idealizámos que a FIL podia ser uma das âncoras de desenvolvimento deste território no Parque das Nações, para não acontecer como em Sevilha, onde depois da Expo 98 ficou tudo às moscas", lembra Rocha de Matos, referindo que entretanto veio uma crise, e passado "o caminho doloroso que tivemos de fazer" nos anos em que "Portugal esteve intervencionado pela troika", " em 2014 quando vislumbrámos que íamos dar a volta voltamos a olhar a FIL num modelo de crescimento para criar na zona oriental o grande centro de congressos e de exposições de Lisboa".

Num balanço dos 20 anos da FIL no Parque das Nações, o presidente da Fundação AIP adiantou que a Fil já trouxe a Lisboa um impacto econômico direto de €1550 milhões nos últimos doze anos, e garantiu que "vamos entrar num novo ciclo e trazer grandes congressos a Lisboa".