Larry Ellison, co-fundador e chairman da Oracle, ultrapassou esta quarta-feira Elon Musk no índice de multimilionários da Bloomberg, após uma valorização histórica das ações da empresa. O movimento reflete a crescente procura pela capacidade dos centros de dados da Oracle, impulsionada por aplicações de inteligência artificial e posiciona a empresa tecnológica no centro da disputa global entre os maiores fornecedores de infraestrutura digital.
A fortuna de Larry Ellison disparou mais de 100 mil milhões de dólares num só dia, o maior aumento diário alguma vez registado pelo índice, atingindo os 393 mil milhões de dólares. Ja a de Elon Musk caiu para a segunda posição, com 385 mil milhões, depois de desvalorização acumulada de quase 80 mil milhões de dólares desde o início do ano, penalizado pela volatilidade da Tesla e pelos custos associados à SpaceX e à X (ex-Twitter).
Corrida global pela IA muda equilíbrio entre gigantes tecnológicos
As ações da Oracle subiram mais de 40% numa única sessão, elevando a capitalização bolsista para perto de um bilião de dólares. Desde janeiro, acumulam uma valorização superior a 100%, segundo a CNN.
A tecnológica assinou quatro contratos multibilionários no último trimestre e mantém um portefólio de encomendas de 450 mil milhões de dólares, com clientes como a Nvidia e a OpenAI. Em julho, a Oracle fechou ainda um acordo para fornecer 4,5 gigawatts de eletricidade às operações de inteligência artificial da OpenAI, sublinhando a dimensão energética da corrida tecnológica.
A Oracle junta-se assim a Microsoft, Amazon e Google no grupo restrito de fornecedores centrais de infraestrutura para a inteligência artificial. O investimento em capacidade de centros de dados tornou-se um fator determinante na valorização bolsista destas empresas e está a redesenhar o mapa competitivo da tecnologia global.
Apesar da escalada financeira, o império Ellison vai para lá da tecnologia. O seu filho David concluiu recentemente a compra da Paramount Global, dona da CBS e da MTV, numa operação de oito mil milhões de dólares financiada em parte pela fortuna familiar, avançou a CNBC.
Aos 81 anos, Larry Ellison detém ainda 98% da ilha havaiana de Lana’i, é dono do torneio de ténis de Indian Wells – apelidado de “quinto Grand Slam” – e mantém influência na política dos Estados Unidos, sendo um conhecido apoiante do Presidente Donald Trump.
Ellison esteve recentemente na Casa Branca ao lado de Masayoshi Son (SoftBank) e Sam Altman (OpenAI) para anunciar um megaprojeto de centros de dados avaliado em 500 mil milhões de dólares, a concretizar com tecnologia da Oracle.
Musk perde o título após anos no topo
Elon Musk tinha conquistado pela primeira vez o título de homem mais rico do mundo em 2021, alternando desde então a liderança com Bernard Arnault (LVMH) e Jeff Bezos (Amazon). Volta agora a perder posição, num ano em que a Tesla enfrenta queda de vendas em vários mercados.
As ações da Tesla recuam cerca de 14% em 2025, contribuindo para uma redução de 11,3% no património líquido de Musk desde o início do ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. A sua fortuna caiu assim de mais de 430 mil milhões de dólares no final de 2024 para cerca de 357 mil milhões atualmente.
Apesar do declínio, Musk continua a deter uma das maiores fortunas do mundo, sustentada pelas participações na Tesla e na SpaceX. Mantém ainda a possibilidade de reforçar o seu património através de um vasto pacote de remuneração associado à Tesla, dependente de metas financeiras e de valorização bolsista de longo prazo.
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