Uma falha informática a nível global está a condicionar vários setores desde a manhã desta sexta-feira. De acordo com a BBC, alguns dos mais afetados são a banca, companhias aéreas e meios de comunicação social, com a estação televisiva SkyNews a não conseguir emitir em direto durante algumas horas. Há também unidades de saúde afetadas.
A causa desta disrupção já foi identificada e está em vias de ser corrigida, anunciou nas redes sociais o CEO da CrowdStrike, empresa de cibersegurança que foi imediatamente associada ao problema identificado em sistemas da Microsoft que utilizavam o seu antivírus.
George Kurtz explicou que o apagão se deveu a uma “falha encontrada numa única utilização de conteúdos para os utilizadores de Windows”. “Não se trata de um incidente de segurança ou de um ciberataque. O problema foi identificado, isolado e foi implementada uma correção”, elaborou, citado pela AFP.
Porém, Kurtz advertiu que “poderá levar algum tempo para que os sistemas” voltem ao normal, uma vez que estes “não vão recuperar automaticamente”, de acordo com o ‘The Guardian’.
O DownDetector, site que monitoriza apagões informáticos, dava conta, ao início da manhã, de falhas nos serviços de telecomunicações em Portugal, designadamente na Vodafone, Meo e NOS.
Contudo, ao Expresso, fonte da Vodafone Portugal assegurou que “não se verificam perturbações na sua rede”, acrescentando que as suas “equipas técnicas acompanham a situação e estão atentas a quaisquer problemas indiretos que possam surgir”.
Também a NOS refere que “os serviços da NOS (Voz, Rede e TV) não foram afetados” pela falha informática global.
Fonte da Meo disse à Lusa que “não houve afetação nos serviços de comunicação dos seus clientes”. Foram, no entanto, “verificados constrangimentos em alguns canais de atendimento,”, estando a operadora a trabalhar na sua normalização.
Paralelamente, estarão a ser impactados os serviços da Microsoft365, Teams e Azure, estes últimos também ligados à Microsoft.
Inicialmente, a ANA - Aeroportos avançou à SIC Notícias que nenhum dos aeroportos portugueses estava a ser afetado, mas reconheceu, há minutos, em declarações à Lusa, que podem ocorrer constrangimentos nas suas operações, devido ao impacto do apagão nas companhias aéreas e empresas de ‘handling’.
Santander e Crédito Agrícola foram afetados
Sublinhando que “o sistema informático dos aeroportos portugueses não foi afetado diretamente”, a ANA disse que a falha global poderá condicionar o check-in e o embarque de alguns voos. Nesse sentido, pede aos passageiros que se informem sobre o estado do seu voo antes de irem para o aeroporto.
A Banca está alerta e a monitorizar ao momento eventuais falhas, mas até agora, a maioria dos maiores bancos do sistema não foram afetados. O Crédito Agrícola e O Santander foram afetados em determinados serviços.
O Santander afirma ao Expresso que "alguns dos serviços foram afetados por um problema informático mundial", e que está a tentar repô-los. Fonte do banco sublinha que "na app (aplicação do banco) e netbanco estão operacionais".
A meio da manhã, fonte oficial do Crédito Agrícola informou que “os serviços da linha direta foram afetados”, tendo os clientes sido reencaminhados para canais alternativos. Entretanto, a linha direta já está a funcionar, disse o banco ao Expresso.
Fonte oficial da CGD, BCP, BPI e Banco Montepio dizem ao Expresso que tudo está a funcionar e que "nem na app, nem netbanco foram, até ao momento, afetados". Também o Novo Banco afirma que não tem sistemas afetados.
Segundo a Lusa, até agora não foram assinalados problemas relacionados com o apagão informático nas unidades de saúde portuguesas.
Segundo o ‘The Telegraph’, ao início da manhã multiplicavam-se os relatos de computadores com sistema operativo Windows a desligarem-se subitamente, mostrando o “ecrã azul da morte” e entrando em modo de recuperação.
Na Austrália, país particularmente afetado, vários voos foram suspensos e as telecomunicações estão com falhas, tal como os terminais de multibanco nos supermercados.
Atualização de antivírus terá causado apagão
Em Berlim, o tráfego aéreo esteve parado até às 8h e também em Espanha vários aeroportos foram afetados. Na Alemanha, dois hospitais cancelaram as cirurgias não urgentes agendadas para esta sexta-feira.
Nos EUA, as linhas dos serviços de emergência estão em baixo em estados como Alasca, Arizona, Indiana, Minnesota, New Hampshire e Ohio.
“Está a acontecer algo muito estranho neste momento”, avaliou Troy Hunt, investigador de cibersegurança, numa publicação na rede social X citada pelo jornal britânico.
O especialista considera que este poderá ser o maior apagão informático alguma vez registado. “Não creio que seja demasiado cedo para dizer: esta será a maior falha informática da história”, declarou, acrescentando que “o impacto financeiro disto já é difícil de imaginar”.
O ‘The Telegraph’ referia, de manhã, que haveria um problema com um antivírus da empresa de cibersegurança CrowdStrike, que aparentemente estava a bloquear os computadores.
“A CrowdStrike tem conhecimento de relatos de falhas no Windows relacionadas com o Sensor Falcon”, informou a empresa no seu site.
À NBC, a empresa já tinha dito que o apagão resultou de um problema com a sua última atualização, que a CrowdStrike estará a tentar reverter neste momento a nível mundial.
O produto da CrowdStrike é, geralmente, apresentado como o primeiro sistema de cibersegurança a utilizar Inteligência Artificial (IA) no seu funcionamento.
Numa mensagem publicada na X, a Microsoft informou que está a adotar “medidas de mitigação” para os problemas técnicos e interrupções reportados por várias empresas em vários pontos do mundo, estando os serviços da gigante tecnológica “em vias de ser recuperados”.