Tecnologia

Vodafone apresentou quatro pacotes de compromissos para poder comprar a Nowo, mas nenhum convenceu

Nuno da Cunha Rodrigues, presidente da autoridade da concorrência.
Nuno da Cunha Rodrigues, presidente da autoridade da concorrência.
Nuno Fox

Presidente da Autoridade da Concorrência admite que há demora na avaliação da compra da Nowo pela Vodafone, mas recusa culpas

Vodafone apresentou quatro pacotes de compromissos para poder comprar a Nowo, mas nenhum convenceu

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Vodafone apresentou quatro pacotes de compromissos para poder comprar a Nowo, mas nenhum convenceu

Nuno Fox

Fotojornalista

A Vodafone apresentou um conjunto de quatro pacotes de compromissos para compensar os eventuais efeitos nefastos sobre a concorrência devido à compra da Nowo. Mas nenhum deles convenceu, até agora, a Autoridade da Concorrência.

A transação deverá ter um desfecho em breve, acredita o presidente desta entidade, Nuno da Cunha Rodrigues, mas a demora, que admite ter existido, não ocorreu por sua culpa, segundo defende.

Quatro pacotes

A Vodafone anunciou a vontade de adquirir a Nowo, operadora com uma reduzida quota de mercado das comunicações, nos últimos meses de 2022, e desde aí tem estado em análise dentro da Autoridade da Concorrência, só que sem uma decisão final até aqui.

Na audição de Comissão de Economia desta quarta-feira, 3 de julho, Cunha Rodrigues defendeu que a Vodafone só apresentou o primeiro pacote de compromissos – para compensar eventuais problemas concorrenciais da fusão – no fim de 2023. Foi recusado no início de 2024.

Seguiram-se outros três pacotes, todos eles com a Autoridade da Concorrência a considerar que não satisfazem os problemas detetados dentro da instituição. Acredita a entidade, como o Expresso já escreveu, que os preços das telecomunicações fixas e móveis acabariam por subir com a transação.

AdC recusa responsabilidade

Aos deputados, Nuno da Cunha Rodrigues recusou, por isso, que tenha alguma responsabilidade na demora da avaliação, que, ainda assim, admite estar a verificar-se: “A análise está a demorar mais tempo do que seria desejável, mas não por responsabilidade da Autoridade”. “Não é habitual”, assume o líder da entidade, garantindo que “a análise é muitíssimo robusta”.

Mas há luz ao fundo do túnel da investigação: “A decisão está para sair”. A Vodafone já transmitiu que dentro do grupo está com dificuldades em explicar a razão para o prazo tão prolongado.

Despedimentos não são avaliados

Entretanto, a Nowo informou o Eco que a sua atual detentora, a espanhola MásMóvil, não vai continuar a investir em Portugal caso a compra pela Vodafone não se concretize, apontando para o risco de perda de 500 postos de trabalho.

Questionado pelo PSD sobre despedimentos, Nuno da Cunha Rodrigues disse desconhecer o que está em causa, mostrando mesmo dificuldades em entender como é que eles poderiam vir a acontecer. E defendeu também que a lei não prevê que a operação de concentração possa ser avaliada nesse sentido, quando deve olhar para os efeitos nos consumidores.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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