A Altice Labs tem como meta chegar a 2030 com um total de 100 patentes registadas, anunciou esta quinta-feira Ana Figueiredo, diretora executiva da Altice Portugal, durante um evento organizado em Aveiro. A confirmar-se será uma duplicação do número de patentes detidas pela empresa. A gestora da Altice referiu ainda que, durante 2022, os laboratórios situados em Aveiro receberam um investimento de 80 milhões de euros.
“Somos uma empresa global, mas com cérebro tecnológico em Portugal”, proclamou Ana Figueiredo perante uma assistência composta por parceiros e clientes que assinalaram o sétimo aniversário dos Altice Labs.
Coube a Alcino Lavrador, líder dos Altice Labs, apresentar alguns números que ajudam a confirmar que as investigações levadas a cabo em Aveiro já fazem a diferença em várias geografias. Segundo o gestor, as tecnologias da fibra ótica criadas “em casa” já servem atualmente quase 29 milhões de casas no mundo. Em paralelo, foram comercializados 10 milhões de routers desenhados em Aveiro.
Entre os casos de sucesso, Alcino Lavrador destacou um router com Wi-Fi 6 que tem vindo a ser disponibilizado no mercado americano.
A Altice aproveitou a ocasião para atualizar alguns números elucidativos da importância estratégica que os Altice Labs têm dentro do grupo empresarial. Hoje, engenheiros e cientistas de Aveiro desenvolvem tecnologias e produtos de telecomunicações para 60 mercados que totalizam 300 milhões de pessoas.
Como roteiro de investigação estão definidas seis áreas prioritárias referiu Ana Figueiredo. São elas as redes 5G e 6G (redes móveis de quinta e sexta gerações), as comunicações quânticas, os sensores que operam por Wi-Fi, as comunicações com eletrodomésticos e outros equipamentos em casa, as comunicações com sensores ligados à área da saúde e ainda serviços remotos de assistência e monitorização de pessoas.
Na mostra de tecnologias e casos práticos foi possível confirmar que investimentos como os que levaram à aplicação de 80 milhões em 2022 já começaram a produzir resultados – e podem mesmo fazer a diferença em breve a partir do espaço.
Em 2025, Altice e Instituto Superior Técnico deverão enviar para uma órbita a 500 quilómetros da Terra um pequeno satélite de “três ou quatro quilos”, com 30 centímetros de comprimento e 10 de largura e espessura que terá capacidade para comunicar com redes 5G.
“Num cenário tradicional, um satélite só comunica quando passa perto de uma estação em Terra com que pode comunicar. Mas se puder comunicar com 5G pode ligar-se rapidamente em qualquer lugar que tenha uma antena que seja compatível com esta tecnologia”, explica Rui Rocha, professor do IST.
Durante a mostra, os responsáveis da Altice Labs recordaram que, para já, o projeto é apenas de demonstração – mas admitem que o futuro satélite também sirva para testar serviços de telemetria ou alteração de rotas à distância. O lançamento de uma constelação para dar comunicações em terra foi posta de parte.
Em terra firme, seguem as redes de fibra ótica – e neste caso, a principal novidade aponta para um terminal de rede de fibra ótica que permite acrescentar uma onda ao espectro de luz usado dentro destes cabos para codificar a informação. Com este “acrescento” ao espectro da luz veiculado na fibra, os engenheiros da Altice Labs conseguiram garantir uma largura de banda de 25 Gigabits por segundo (25G-PON) em download.
Nem toda esta largura será convertida em tráfego útil, e a data de lançamento ainda não está definida, mas na Altice Labs há a expectativa de que este esforço ajude a elevar a fasquia das comunicações empresariais para 4 ou 5 gigabits por segundo (Gbps).
Cláudio Rodrigues, investigador da Altice Labs, recordou que este novo terminal pode funcionar como um passo intermédio para um futuro terminal de fibra ótica para distribuir pela população larguras de banda de 50 Gbps. A Altice recorda que não há muitos mais operadoras que tenham feito o mesmo tipo de demonstração até à data.
Cláudio Rodrigues enalteceu ainda o facto de a largura de banda aumentar sem alteração da rede que é responsável por 80% dos custos de investimento e apenas exigir a alteração dos terminais cujos custos são menores.
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