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Energia

Duas décadas depois, o mercado ibérico de eletricidade ainda pode tropeçar no seu próprio sucesso?

Duas décadas depois, o mercado ibérico de eletricidade ainda pode tropeçar no seu próprio sucesso?
Getty Images

Foi há 20 anos que Portugal e Espanha acordaram o desenho do mercado ibérico de eletricidade. Vários especialistas ouvidos pelo Expresso concordam que foi um sucesso. Trouxe “preços de energia mais competitivos”, nota o presidente executivo da EDP. “Uma experiência com inovação institucional”, acrescenta o presidente da ERSE. E abriu uma “diversidade imensa” para o consumidor, reconhece Pedro Silva, da Deco. Mas nem tudo são rosas

Duas décadas depois, o mercado ibérico de eletricidade ainda pode tropeçar no seu próprio sucesso?

Miguel Prado

Editor de Economia

A 1 de outubro de 2004, enquanto em Portugal os utentes eram confrontados com um novo aumento dos preços dos transportes públicos, à boleia da subida do custo do petróleo, em Santiago de Compostela, Espanha, os líderes governativos ibéricos davam o pontapé de saída de um projeto que a generalidade dos atores da energia reconhece hoje como um sucesso.

O mercado ibérico de eletricidade (Mibel) levaria ainda três anos a sair do papel, mas acabaria por cumprir boa parte do seu propósito, levando Portugal e Espanha a funcionar como um mercado único, com um preço grossista igual na esmagadora maioria das horas do ano. Um mercado com mais escala, maiores fluxos de energia entre os dois países e maior capacidade para absorver eletricidade renovável.

Mas se o Mibel facilitou esses desenvolvimentos, hoje continua aprisionado numa ilha energética. França continua a resistir a ampliar as interligações com Espanha. E isso leva a que a crescente produção ibérica de eletricidade verde tenda a ser, em alguns momentos, demasiado elevada, atirando para zero ou para preços negativos o valor do megawatt hora (MWh) no mercado grossista e ameaçando a rentabilidade de novos projetos, ou até ampliando as diferenças de preços entre Portugal e Espanha, caso não sejam construídas mais linhas de eletricidade entre os dois países.

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