Energia

Mira Amaral: “Recomendo que os espanhóis tenham juízo e mantenham as centrais nucleares a funcionar”

Luís Mira Amaral.
Luís Mira Amaral.
Tiago Miranda

Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia, defendeu esta quinta-feira que “é flagrante a vantagem” da energia nuclear em termos de densidade energética e apelou a que Espanha mantenha em operação as centrais nucleares existentes

Mira Amaral: “Recomendo que os espanhóis tenham juízo e mantenham as centrais nucleares a funcionar”

Miguel Prado

Editor de Economia

O antigo ministro da Indústria e Energia Luís Mira Amaral manifestou-se esta quinta-feira contra o que diz ser um “fundamentalismo climático” de aposta exclusiva em fontes renováveis para a produção de eletricidade, saindo em defesa da energia nuclear. “Recomendo que quem tenha centrais nucleares as mantenha, recomendo que os espanhóis tenham juízo e as mantenham”, afirmou Mira Amaral numa conferência promovida pela AIP – Associação Industrial Portuguesa.

“Há que ter consciência de que já temos um sistema elétrico à escala ibérica com energia nuclear”, lembrou Mira Amaral, aludindo aos reatores que já operam em Espanha (que tem um plano para a desativação faseada dos reatores, entre 2027 e 2035).

O recurso aos pequenos reatores nucleares (SMR, na sigla em inglês), uma tecnologia ainda em desenvolvimento, não deve ser descartado por Portugal, disse também Mira Amaral, sem entrar em grandes detalhes, nem explorar a questão dos custos desta solução e de como seria operacionalizada a aposta nestes reatores.

“Não acredito numa rede só com energia hídrica e eólica intermitente. Precisamos de uma base térmica”, defendeu Luís Mira Amaral na conferência da AIP, em Lisboa.

Na sua intervenção o antigo governante alertou que “o modelo industrial alemão está a patinar”, depois de Berlim ter decidido abandonar a energia nuclear e de a guerra da Rússia com a Ucrânia ter provocado problemas no abastecimento de gás. “Ficaram entalados com o gás russo”, notou Mira Amaral, aludindo ao “desastre energético alemão”.

Na mesma conferência, Mira Amaral realçou que “é flagrante a vantagem do nuclear em termos de densidade energética”, além de que esta fonte “aparece como muito competitiva em termos de emissões de CO2”.

O antigo ministro da Indústria e Energia condenou o “poderoso lobi” das fontes renováveis, argumentou que o armazenamento com baterias não resolve o desafio da transferência energética sazonal e lamentou que a discussão sobre energia nuclear não tenha mais espaço mediático. “Não há lobi nuclear, porque não há investimento nuclear em Portugal, e se não há dinheiro, não há lobi”, comentou.

“O lobi das renováveis intermitentes controla a comunicação social do regime”, acusou Mira Amaral (que é colunista do Expresso), criticando também a ausência do Governo numa anterior conferência sobre energia nuclear promovida no ano passado em Viseu.

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