Com menos depreciações, amortizações e imparidades, a Galp viu o seu lucro anual crescer 14%, para a marca histórica de 1002 milhões de euros. E irá aumentar o dividendo aos acionistas em 4%
Editor de Economia
A Galp Energia fechou 2023 com um resultado líquido ajustado de 1002 milhões de euros, mais 14% do que no ano anterior. Trata-se do lucro mais alto de sempre da empresa portuguesa.
Contudo, em termos de resultado reportado segundo as normas IFRS (sem ajustar as contas ao efeito de substituição de stock e outros fatores não recorrentes), o ganho da Galp encolheu 16%, para 1,24 mil milhões de euros.
O resultado ajustado também cresceu, mas de forma mais ligeira, no quarto trimestre, com o lucro a avançar 4% em termos homólogos, para 284 milhões de euros.
As contas agora publicadas mostram que 2023 foi o terceiro ano consecutivo de lucros, depois de a pandemia, em 2020, ter contribuído para um prejuízo de 42 milhões de euros, devido à queda acentuada do preço do crude e dos produtos petrolíferos, pela contração do consumo.
Em 2023 o desempenho operacional esteve longe de ser o melhor para a Galp. O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recuou 8% face a 2022, para 3,56 mil milhões de euros, penalizado por uma queda de 27% no negócio de exploração e produção de petróleo, para 2,26 mil milhões de euros.
No negócio de renováveis o EBITDA ajustado subiu de 50 para 131 milhões de euros, mas é uma área com um peso ainda diminuto nos ganhos da Galp. Na área industrial (onde se inclui a refinação) o EBITDA mais do que duplicou, de 451 para 929 milhões de euros, e na área comercial permaneceu estável, em torno dos 300 milhões de euros.
A queda no negócio de exploração e produção foi influenciada por um recuo de 3% na produção (para uma média diária de 122 mil barris por dia), acompanhado de descidas de dois dígitos nos preços de venda do petróleo (que caiu 20%) e do gás (16%). Também a margem de refinação da Galp sofreu uma queda de 5% no conjunto do ano, para um valor médio de 11 dólares por barril (no quarto trimestre a queda foi de 54%, para 6,1 dólares).
Com o EBITDA (ajustado) a recuar, o que explicou então a subida do resultado líquido da Galp? Essa melhoria beneficiou sobretudo de uma descida de 29% na rubrica de depreciações, amortizações e imparidades (de 1380 para 980 milhões de euros), com as provisões a ajudar ligeiramente (já que encolheram 15%, para 105 milhões de euros).
Nas contas da Galp é possível ver que o resultado antes de impostos em 2023 permaneceu estável (apenas com um crescimento de 2%), em 2409 milhões de euros, com a fatura dos impostos a rondar 1,23 mil milhões de euros, e os interesses minoritários a recuar 19%, para 180 milhões.
A Galp informou, na apresentação dos resultados de 2023, que irá propor em assembleia geral uma subida de 4% do dividendo anual, para 0,54 euros por ação.
Além disso, a petrolífera tenciona prosseguir a recompra de ações próprias (uma forma adicional de remuneração acionista que tem sido seguida por diversas empresas), apontando para um plano de recompras em 2024 no valor de 350 milhões de euros.
Para este ano, no entanto, a Galp está a contar com uma contração do seu EBITDA para 3,1 mil milhões de euros. O investimento médio anual do grupo deverá permanecer em torno de mil milhões de euros.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt
