Energia

Comercializadores de energia alertam que novo modelo da tarifa social será pago "por todos os consumidores"

Comercializadores de energia alertam que novo modelo da tarifa social será pago "por todos os consumidores"
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A Acemel - Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado apelou a que a ERSE abra uma consulta sobre o novo modelo de financiamento da tarifa social, alertando que a decisão do Governo acabará por onerar a fatura dos restantes consumidores

Comercializadores de energia alertam que novo modelo da tarifa social será pago "por todos os consumidores"

Miguel Prado

Editor de Economia

A Acemel - Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado alertou esta segunda-feira que o novo modelo de financiamento da tarifa social da eletricidade, já aprovado pelo Governo, vai onerar a fatura da generalidade dos consumidores, devendo ser precedido de um debate que permita a consulta das posições de “todos os interlocutores da área”.

Embora reconhecendo que a tarifa social é “importante para manter a coesão social e a prestação de um serviço que é fundamental”, a Acemel nota que o novo modelo de financiamento da tarifa social cria “um custo adicional de sistema que complexifica o processo de definição do custo e não contribui para a clarificação perante os consumidores”.

“Este custo terá necessariamente que será pago por todos os consumidores, e é essencial que, na sua concretização, haja um contributo de todos os interlocutores da área”, aponta a Acemel.

Recorde-se que a tarifa social da eletricidade permite a consumidores de menores rendimentos um desconto de 33,8% face aos preços regulados. Até hoje o valor desse desconto era suportado por alguns dos produtores de eletricidade. Para este ano o regulador da energia estimou encargos com a tarifa social de 122,5 milhões de euros.

Mas este modelo de financiamento era há largos anos contestado pelo maior financiador da medida, a EDP, que expôs a questão à Comissão Europeia, tendo Bruxelas instado o Governo português a alterar a forma de financiamento da tarifa social.

Em outubro último o Governo aprovou um novo modelo, que irá estender aos comercializadores de eletricidade a responsabilidade de pagar o custo da tarifa social. A Acemel acredita que esse encargo acabará por ser repercutido nos consumidores finais.

“Como é sabido, atualmente, a fatura elétrica é composta por um conjunto de custos indiretos, pagos por todos os consumidores, que em nada ajudam a literacia energética”, lamenta a associação.

“A Acemel aguarda que a ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos lance a consulta aos interessados, onde certamente se analisarão os detalhes deste financiamento da tarifa social e que servirá para todos (produtores, comercializadores e agentes de mercado) se poderem pronunciar e, apresentarem os seus pontos de vista, existindo desde já a preocupação do impacto na estrutura de custos da fatura energética dos consumidores”, aponta a associação no seu comunicado.

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