Energia

Adiamento de projetos de energias renováveis no Brasil custa €59 milhões à Galp

Sede da Galp, em Lisboa.
Sede da Galp, em Lisboa.
D.R.

Perante um contexto de agravamento de custos, a Galp decidiu adiar o desenvolvimento de vários projetos de energias limpas no Brasil, assumindo uma imparidade de 59 milhões de euros nas contas do terceiro trimestre

Adiamento de projetos de energias renováveis no Brasil custa €59 milhões à Galp

Miguel Prado

Editor de Economia

A Galp Energia assumiu no terceiro trimestre deste ano um encargo de 59 milhões de euros na rubrica de imparidades e provisões devido ao adiamento de vários projetos de energias renováveis no Brasil, revela a empresa na apresentação de resultados desta segunda-feira. Na conferência com analistas sobre as contas trimestrais, a administração da Galp indicou, contudo, que os projetos não foram abandonados.

Em causa estão cinco projetos, com uma capacidade de cerca de 1 gigawatt (GW), que a Galp decidiu suspender, devido a uma conjuntura inflacionista, que vem encarecendo o custo de desenvolvimento dos projetos, em linha com a opção de outros promotores de solicitarem às autoridades brasileiras autorização para adiarem a entrada em operação de novos ativos de energias limpas.

De acordo com a Galp, “os projetos continuam no portefólio”, mas a empresa só tenciona pedir a ligação à rede elétrica “quando o mercado recuperar”. O objetivo que a Galp tinha era de ter esta nova capacidade de 1 GW operacional em 2025, prazo que deverá ser prolongado, embora a empresa não tenha avançado para já um novo calendário.

Questionado sobre a possibilidade de participar em novos leilões de energia no Brasil, o presidente executivo da Galp, Filipe Silva, referiu que o grupo tem interesse nestas licitações, mas indicou que não deverão ter impacto no ritmo de investimento da empresa. “Não esperamos que tenham um impacto significativo no nosso capex nos próximos anos”, afirmou o gestor.

As renováveis são uma das áreas de maior crescimento da Galp, que está a procurar nas fontes limpas uma opção para diversificar os ganhos, face à concentração de resultados no petróleo que vêm marcando as contas da empresa nos últimos anos.

Nos primeiros nove meses do ano a produção de eletricidade da Galp cresceu 50%, embora o preço de mercado tenha caído 47%. Ainda assim, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da divisão de energias renováveis mais do que triplicou, passando de 34 milhões de euros de janeiro a setembro de 2022 para 110 milhões de euros em igual período de 2023.

A Galp tinha no final de setembro 1,4 gigawatts (GW) de capacidade renovável em operação, esperando adicionar 150 megawatts (MW) no quarto trimestre. Mas a empresa indica estar a rever a meta de 4 GW traçada para 2025, ajustando-a ao “contexto de mercado”.

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