Energia

AIE revê em baixa previsões da procura de petróleo para este ano

AIE revê em baixa previsões da procura de petróleo para este ano
Anton Petrus

Agência Internacional de Energia prevê que o consumo de petróleo este ano seja, em média, de 102,1 milhões de barris por dia. É uma procura recorde, mas fica 220 mil barris aquém da anterior projeção, feita em junho

A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu em baixa, pela primeira vez este ano, as suas previsões para a procura mundial de petróleo em 2023, devido a menores expectativas económicas e, em particular, a uma menor atividade industrial na Europa.

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero, publicado esta quinta-feira, a AIE prevê que o consumo este ano seja, em média, de 102,1 milhões de barris por dia, um novo recorde e mais 2,2 milhões de barris do que em 2022, mas também menos 220.000 barris do que tinha estimado em junho.

Mais de 90% do aumento da procura em relação ao ano passado corresponde aos países não pertencentes à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), ou seja, ao mundo desenvolvido, e em particular à China, que sozinha será responsável por 70%.

Concretamente, o gigante asiático absorverá mais 1,6 milhões de barris por dia do que em 2022, o que evidencia o efeito da sua abertura após dois anos de restrições devido à covid-19.

Por outro lado, na OCDE, e particularmente na Europa, o abrandamento do dinamismo económico conduzirá a uma contração da procura durante quatro trimestres consecutivos, entre o terceiro trimestre de 2022 e o terceiro trimestre de 2023.

Para 2024, a AIE corrigiu em alta as suas projeções em relação às do mês passado (mais 290.000 barris por dia), e prevê que a procura mundial aumente 1,1 milhões de barris por dia em relação a 2023.

Esta correção explica-se pelo facto de os seus peritos preverem sobretudo um maior consumo de gasóleo na China e perspetivas económicas mundiais mais positivas a longo prazo.

Do lado da oferta, a agência sublinha que os cortes implementados pela Arábia Saudita e alguns dos produtores do cartel OPEP+ desde novembro foram quase inteiramente cobertos por outros países.

Em junho, as extrações globais aumentaram 480.000 barris por dia para 101,8 milhões, principalmente devido à recuperação de parte da produção do Canadá, que tinha caído devido a incêndios florestais e trabalhos de manutenção.

No mês passado, a oferta foi apenas 70.000 barris por dia inferior à de outubro de 2022, imediatamente antes dos cortes da OPEP+, graças às contribuições adicionais do Irão (que não é afetado pelo ajustamento do cartel petrolífero embora seja membro), do Cazaquistão, da Nigéria e dos Estados Unidos.

No entanto, a agência alerta para o facto de a quantidade de petróleo que chega ao mercado poder baixar mais de um milhão de barris por dia este mês, se a Arábia Saudita voltar a aplicar as medidas de corte.

Se isso se concretizar, as extrações sauditas situar-se-iam em cerca de nove milhões de barris por dia, o nível mais baixo dos últimos dois anos, abaixo da Rússia, que passaria a ocupar o primeiro lugar no bloco OPEP+.

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