A primeira versão da revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC), apresentada esta sexta-feira pelo Ministério do Ambiente, contempla um disparo da capacidade fotovoltaica no país, que passará dos atuais 2,7 gigawatts (GW) para mais de 20 GW em 2030. Mas o Governo está confiante de que a meta é alcançável.
“Estamos confiantes da nossa capacidade de cumprir os objetivos”, declarou ao Expresso a secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia. O facto de a nova potência solar a instalar nos próximos sete anos ultrapassar os 17 GW não preocupa a governante, que considera que entre os projetos já licenciados, os que estão em fase de licenciamento e outros “é um objetivo perfeitamente alcançável”.
No comunicado onde apresenta a versão preliminar de revisão do PNEC o Ministério do Ambiente indica que para alcançar a meta solar (são 20,4 GW, dos quais 14,9 GW em centrais de larga escala e 5,5 GW em produção descentralizada) será ocupado 0,4% do território nacional.
Até agora o Governo vinha indicando que a concretização do objetivo do PNEC em vigor implicaria ocupar perto de 0,3% do território com centrais solares.
Ana Fontoura Gouveia reconhece a preocupação e contestação de alguns movimentos que se opõem às centrais de larga escala, mas sublinha que “estamos a falar de uma área muito reduzida” a nível nacional.
Além disso, a governante assegura que o desenvolvimento da nova capacidade fotovoltaica em Portugal será feito “a par com o exercício das go to areas, as áreas preferenciais para instalação de projetos, onde o impacto é menor, e em diálogo com as populações”.
A secretária de Estado da Energia e Clima frisou ainda, em declarações ao Expresso, que o disparo da capacidade solar no país que é previsto até 2030 responde ao acréscimo de procura de energia, num quadro em que estão a surgir “novas oportunidades de instalação de outras indústrias no território”, que encontram na energia solar uma forma de ter acesso a eletricidade barata.
“Este grande impulso da produção renovável resulta de uma grande procura por parte da indústria”, nota Ana Fontoura Gouveia, sublinhando um “grande aumento de consumo” que o Governo perspetiva para 2030: nesse ano o país deverá consumir quase o dobro da eletricidade que está atualmente a consumir.
Esta revisão do PNEC para 2030 foi enviada esta sexta-feira à Comissão Europeia, que nos próximos meses comunicará ao Governo português as suas recomendações de melhoria. O Governo irá depois atualizar o documento e submetê-lo a consulta pública, de forma a ter a versão final da revisão do PNEC publicada até junho de 2024.
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