Energia

Galp recebe "luz verde" para investimento de €217 milhões em hidrogénio em Sines

Refinaria da Galp em Sines.
Refinaria da Galp em Sines.
D.R.

A Agência Portuguesa do Ambiente emitiu uma declaração favorável condicionada ao projeto de hidrogénio verde que a Galp quer desenvolver na sua refinaria em Sines, que prevê um investimento de €217 milhões

Galp recebe "luz verde" para investimento de €217 milhões em hidrogénio em Sines

Miguel Prado

Editor de Economia

A Galp Energia obteve declaração de impacto ambiental (DIA) favorável para construir uma unidade de produção e armazenamento de hidrogénio verde em Sines, embora essa autorização, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), esteja condicionada ao cumprimento de uma série de requisitos e medidas de minimização.

Em causa está um investimento de 217 milhões de euros, através do qual a Galp criará, no perímetro da sua refinaria em Sines, uma unidade de produção de hidrogénio verde com uma potência de eletrólise de 100 megawatts (MW). O grupo prevê um período de construção de cerca de dois anos, sendo que no pico das obras haverá quase 300 trabalhadores, dos quais 225 diretos.

Durante a fase de exploração das novas instalações serão criados 52 postos de trabalho diretos, segundo a informação do estudo de impacto ambiental que agora recebeu “luz verde” da APA.

Obtida a autorização da APA (a decisão data de quinta-feira, 15 de junho), a Galp irá agora avaliar a exequibilidade financeira do projeto, para tomar uma decisão final de investimento.

Este é um de vários projetos da Galp no domínio do hidrogénio verde. A refinaria de Sines já consome hidrogénio, mas na sua forma “cinzenta” (a partir de gás natural), sendo a aposta no hidrogénio verde (obtido por via da eletrólise da água, com eletricidade de origem renovável) uma forma de descarbonizar parte do processo de produção de combustíveis.

No estudo de impacto ambiental a Galp admite que esta é a primeira fase de um projeto que poderá chegar aos 600 MW de eletrólise: se o fizer, a petrolífera conseguirá descarbonizar totalmente o seu consumo de hidrogénio em Sines.

Adicionalmente, a Galp integra o projeto GreenH2Atlantic, de que também faz parte a EDP, e que irá produzir hidrogénio verde nos terrenos da entretanto desativada central a carvão de Sines. Neste projeto está prevista uma capacidade de eletrólise também de 100 MW, sendo que uma parte do hidrogénio aí produzido será canalizado para a refinaria da Galp e outra parte injetada na rede de transporte de gás natural.

A DIA condicionada da APA inclui vários requisitos a garantir pela Galp. Um deles é que a água a usar na eletrólise provenha do tratamento de águas residuais da Águas de Santo André, embora temporariamente a unidade de hidrogénio possa recorrer a outras fontes, enquanto aquela empresa não conclui as obras necessárias na ETAR de Ribeira de Moinhos.

Há várias medidas de minimização do impacto deste projeto e uma delas é “prever a aplicação de pintura com tintas de cores neutras e sem brilho nos novos elementos edificados e estruturas”, sendo outra “integrar soluções de luminária não geradoras de poluição luminosa, em todos os pontos de iluminação exterior”. No total, a DIA prevê mais de 80 medidas que a Galp terá de cumprir na preparação e execução do projeto de hidrogénio verde.

Para esta decisão contribuiu o parecer da comissão de avaliação da APA, na sequência de uma consulta pública na qual participaram a Câmara Municipal de Sines, a Aicep Global Parques e 13 cidadãos, dos quais oito assumidamente a favor do projeto e três assumidamente contra.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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