A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão assinou um contrato promessa para a venda de um terreno de 5,6 hectares à empresa DH2 Portugal, para o desenvolvimento de um projeto de produção de hidrogénio verde cujo investimento previsto é de 161 milhões de euros.
Em comunicado divulgado esta terça-feira, a autarquia informa que o contrato fixa um valor de aquisição de 100 mil euros, para a parcela de 56 mil metros quadrados pretendida pela DH2.
Segundo a Câmara Municipal, o contrato foi assinado a 25 de maio. O projeto prevê a criação de 60 empregos diretos e 200 indiretos, dos quais 80% deverão ser trabalhadores locais.
O investimento da DH2 prevê também a “criação de dois parques solares fotovoltaicos para produção da energia elétrica necessária ao funcionamento da central, a instalar em Vale Pousadas e na Urgueira”.
“Face aos benefícios apresentados para o concelho por esta empresa, que incluem, para além do crescimento económico e da criação de emprego, o surgimento de novas soluções tecnológicas, com elevadas sinergias com o tecido empresarial local e nacional, julgamos ser do interesse do município apoiar a sua instalação”, comentou o presidente do município de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, no mesmo comunicado.
A Câmara, contudo, não refere quando pretende a DH2 iniciar operações, nem quais os volumes que tenciona produzir a partir de Vila Velha de Ródão.
A DH2 Portugal é uma empresa que foi constituída em setembro de 2021 em Alcobaça, detida por uma sociedade do Luxemburgo, tendo um ano depois, em setembro de 2022, passado a ser detida pela espanhola DH2 Energy, com sede em Madrid.
A DH2 está a desenvolver projetos de hidrogénio verde em Espanha, Portugal, França, Marrocos, Uruguai e México. A empresa foi fundada pelos franceses Philippe Esposito e Olivier Crambade, há vários anos juntos na empresa Dhamma Energy, que desenvolve projetos de energia solar.
A subsidiária portuguesa é liderada por um outro gestor francês, Thierry Lepercq, fundador do projeto Hydeal, no qual a DH2 participa e que visa fornecer hidrogénio verde a grandes clientes industriais nas Astúrias, em Espanha, nomeadamente a siderúrgica ArcelorMittal e a empresa de fertilizantes Fertiberia.
No seu site, a DH2 aponta alguns projetos que quer desenvolver e inclui o futuro gasoduto entre Celorico da Beira, em Portugal, e Zamora, em Espanha, como uma das infraestruturas a usar. Recorde-se que esse gasoduto está a ser planeado para poder transportar hidrogénio verde.
Nos últimos meses tem havido vários anúncios de intenções de investimento na área do hidrogénio em Portugal.
No final de maio a secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia, indicou que o Governo irá ampliar a meta de capacidade de eletrólise a instalar até 2030, no quadro da atualização da estratégia para o hidrogénio.
“Tínhamos uma estratégia que precisa de ser atualizada. Iremos multiplicar [o objetivo para 2030] por dois ou três. Na estratégia inicial estávamos a falar de 2,5 gigawatts (GW) de eletrólise e neste momento já temos o dobro ou o triplo de projetos com intenções firmes de investimento”, comentou a governante durante a conferência Lisbon Energy Summit.
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